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NA MODA
Casas procuram inovar, com carnes exóticas e atendimento especial
Açougue tradicional perde espaço
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O tradicional açougue de bairro está com os dias contados. A
queda na renda da população
exerce certa influência, mas a
concorrência com hipermercados é apontada como a principal
causa para o declínio da atividade em São Paulo.
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas de São Paulo, em 2002, cerca
de 5% dos 3,5 mil açougues da cidade fecharam. No ano anterior,
o índice foi de quase 10%.
Para o presidente do sindicato,
Manuel Henrique Ramos, o potencial de barganha com os fornecedores e de compra das grandes redes de varejo é muito superior ao dos pequenos proprietários. O resultado: fechamento
dos pequenos negócios.
Para tentar atenuar esse impacto, os associados do sindicato
defendem uma restrição da área
de atuação dos hipermercados.
As propostas incluem a proibição de mais de duas grandes cadeias de varejo na mesma vizinhança e limitação do horário de
funcionamento desses estabelecimentos. "Não queremos impedir a expansão dessas redes no
país, mas é preciso regular a sua
ação para evitar uma ampliação
do que já ocorre hoje: uma economia de monopsônio [situação
em que existem muitos vendedores, mas apenas um comprador"", afirma Ramos.
Mas não é apenas a concorrência que sufoca os açougues de
bairro. A mudança do perfil do
consumidor também contribui
para o desaparecimento dos
açougues convencionais.
Nesse cenário, as "butiques de
carne" ganham espaço. Os clientes de hoje rejeitam o açougue
"com cara de açougue", ou seja,
com fila de espera, iluminação
inadequada, falta de serviços e
higiene precária, na avaliação do
presidente do sindicato.
Esse novo modelo de açougue
também é resultado da busca de
um novo nicho de mercado para
assegurar a sobrevivência dos
pequenos comerciantes.
"Para concorrer com as grandes redes, é preciso estabelecer
um diferencial. Nós [proprietários de açougue" temos a vantagem: o relacionamento face a face com o cliente", diz Ramos.
O mesmo ponto de vista é partilhado por Rogério Santana.
Proprietário de um açougue no
Alto de Santana há 12 anos, o comerciante afirma que é preciso
inovar para manter a clientela.
Hoje, ele possui duas "butiques" no bairro que, além de carne bovina, vendem carne de javali, capivara, peixe congelado e
produtos semi preparados.
O conforto dos clientes é outro
chamariz para alavancar os negócios. Em boa parte deles, os
clientes possuem um catálogo
para encomendas e podem, por
exemplo, solicitar uma embalagem no tamanho exato da gaveta
do freezer.
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