São Paulo, sábado, 02 de fevereiro de 2008

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Alcoa e estatal chinesa compram 12% da mineradora Rio Tinto

Negócio pode impedir aquisição da anglo-australiana pela rival BHP Billiton

DA REDAÇÃO

A estatal chinesa Chinalco (Aluminium Corporation of China) e a americana Alcoa anunciaram ontem que compraram por pouco mais de US$ 14 bilhões 12% das ações da mineradora anglo-australiana Rio Tinto na Bolsa de Londres, em um negócio que deve dificultar a aquisição da empresa pela rival BHP Billiton.
A maior parte do investimento será realizado pela estatal chinesa, já que a Alcoa disse que colocou US$ 1,2 bilhão no negócio. Esse é o maior negócio já realizado no exterior por uma empresa do país asiático.
A Chinalco, a maior produtora de alumínio e de alumina da China e que tem investimentos em outros países, disse que a intenção do negócio é aumentar a sua presença no mercado internacional. No entanto, o negócio é visto como um desejo do governo chinês de impedir a compra da Rio Tinto pela BHP.
O governo chinês teme que a fusão das duas maiores minerados do mundo em valor de mercado (a brasileira Vale terminou 2007 como a terceira) possa aumentar os preços das commodities, especialmente do minério de ferro, que é fundamental para a industrialização do país. Os altos preços do minério têm feito o governo chinês buscar alternativas, como a exploração de minas na África e também na Ásia.
A Alcoa e a Chinalco afirmaram que "no momento" não pretendem fazer uma oferta pela Rio Tinto, mas que se reservam o direito de realizar ou participar de uma nos próximos seis meses. Segundo o "Financial Times", os chineses poderiam ainda negociar com a BHP uma participação na proposta pela concorrente.
A Rio Tinto já recusou em novembro passado uma oferta de entre US$ 110 bilhões e US$ 140 bilhões da BHP. As autoridades regulatórias britânicas deram até quarta-feira para BHP formalizar uma oferta ou dizer que não está mais interessada no negócio.
Caso o negócio entre a BHP e a Rio Tinto não se concretize, a Vale poderá se tornar a maior mineradora do mundo, ganhando ainda mais poder de negociação. Para isso, ela ainda terá que adquirir a anglo-suíça Xstrata. A empresa brasileira é a maior produtora de minério de ferro, mas as australianas têm a vantagem da menor distância nas negociações com a China, o que reduz seus preços.
No ano passado, a Alcoa perdeu para a Rio Tinto a disputa pela aquisição da canadense Alcan, em um negócio de quase US$ 40 bilhões.


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