São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Crise aumenta interesse de fundos por empresas do Brasil

A queda no valor de mercado de companhias brasileiras listadas em Bolsa já despertou o interesse dos fundos de "private equity". O escritório de advocacia Lefosse, parceiro da banca internacional Linklaters, já foi procurado por sete fundos interessados em adquirir o controle dessas empresas após o agravamento da crise. Nos quatro estudos já concluídos, todos os fundos desistiram do negócio, que esbarra em cláusulas de "poison pill".
O "poison pill" é um dispositivo incluído nos processos de IPO (oferta inicial de ações) para desencorajar aquisições hostis do controle da empresa, que, em geral, incluem um plano de direitos ao acionista.
Segundo Thiago Sandim, sócio do Lefosse, as empresas que despertaram o interesse dos "private equities" são dos setores imobiliário, de agronegócios e de bens duráveis. O perfil é de empresas do Novo Mercado, que abriram o capital recentemente e que sofreram uma desvalorização forte nos ativos.
Para ele, o "poison pill" se tornou um entrave para as companhias em meio à crise. Com dificuldade de captar recursos no sistema de crédito bancário e no mercado de capitais, as companhias também fecharam uma oportunidade para receber aporte de capital de fundos de "private equity".
Sandim cita como exemplo algumas cláusulas de "poison pill" que obrigam o comprador de mais de 50% das ações ordinárias (com direito a voto) a adquirir todas as ações da empresa por montantes que podem chegar, em casos extremos, a 150% do valor de mercado.
"Os fundos têm dinheiro e veem ativos baratos para comprar. Mas quando olham a parte jurídica descobrem que os ativos na verdade são caros porque há um dispositivo legal que faz com que eles custem mais", afirma.
A única forma de contestar o conteúdo do "poison pill" é com um contencioso judicial na Câmara de Arbitragem do Mercado, diz Sandim. Em alguns casos, as empresas colocaram na cláusula a possibilidade de ela ser excluída por assembleia geral dos acionistas, mas, segundo Sandim, são exceções.
"Quando ficam sabendo do "poison pill", os investidores desistem. Ninguém quer colocar dinheiro em um negócio para depois aguardar uma decisão que permitirá ou não a ele concluir a operação."

DE BRANCO
A corretora de seguros Mister Líber abre em fevereiro sua filial no Rio. Com foco em profissionais de saúde, a corretora escolheu a cidade com base em uma pesquisa que apontou investimentos totais de R$ 10 milhões na rede privada de hospitais no Rio em 2009. A Mister Líber também fechou contrato com a WorldCare Brasil para oferecer o benefício Segunda Opinião Médica a todos os clientes titulares a partir deste mês. A empresa aposta no segmento de vida e previdência, no qual expandiu 39,7% em 2008. Para o sócio Josusmar Sousa, a empresa pode crescer acima de 30% neste segmento em 2009 mesmo com a crise, porque o mercado é pouco explorado no Brasil.

ENSINO
A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo fez acordo com 69 instituições de ensino para colocar seus alunos como professores auxiliares na rede estadual. Cerca de 4.500 estudantes trabalharão como auxiliares de professores em salas de aula, recebendo em troca bolsa de estudos parciais ou totais. Cada instituição receberá mensalmente R$ 500 por aluno, dinheiro que, depois de cobertos custos, deve ser repassado aos alunos.

NO TEMPO
A RSM Boucinhas, Campos & Conti Auditores Independentes fechou 2008 com crescimento de 35% no faturamento. Os segmentos atendidos pela empresa que mais se destacaram em 2008, em relação a 2007, foram logística, com alta de 125%, educação (55%) e fundos de pensão (50%).

PILHA
O Papa-Pilhas, programa de reciclagem de pilhas e baterias do Banco Real, em 2008, registrou o tratamento de 127 toneladas de material, quantidade três vezes superior à de 2007. No Estado de São Paulo, superou 70 toneladas. O programa, que começou em 2006, chegou ao fim de 2008 com quase 2.000 postos de coleta no país. Os displays ficam instalados em agências e postos de atendimento do banco, universidades, hospitais, órgãos públicos e outros.

ESCOLA
O Formare, projeto da Fundação Iochpe de educação profissional para jovens de baixa renda, capacitou mais de 1,5 mil jovens em 2008 em parceria com as empresas credenciadas ao programa. Mais 80 adolescentes devem receber seus certificados de conclusão de curso de Magneti Marelli, Delphi, Plascar, Videolar, Lear e Mahle. A fundação também inaugurou uma Escola Formare na SYL, fabricante nacional de autopeças.

PUPILOS
A Microsoft Brasil fez parceria com a Anprotec (associação de empreendimentos inovadores) para auxiliar no desenvolvimento de empresas de base tecnológica estabelecidas em incubadoras e parques tecnológicos associados à entidade. O programa dura três anos e traz benefícios como licenças para mais de 25 softwares da Microsoft, suporte e treinamentos técnicos e focados em negócios, "mentoring" e visibilidade internacional. Para participar, as empresas devem ter menos de três anos e faturamento anual de até R$ 1,2 milhão.

GUARDA-CHUVA
O shopping Pátio Paulista distribuiu 2.000 guarda- -chuvas em seis dias desde o início da promoção "Comprou Ganhou - São Paulo Terra da Garoa", no dia 24 de janeiro. A cada R$ 300 em compras pagas com cartões Visa, os clientes recebiam um guarda-chuva de brinde. As compras, portanto, foram de, no mínimo, R$ 600 mil.

CRIANÇAS
A Lego Education teve alta de 30% na rentabilidade em 2008, superando 1 milhão de crianças atendidas nas redes de ensino.

LÍNGUA SOLTA
A People, rede de escolas profissionalizantes controlada pelo grupo MultiHolding, começará a oferecer também cursos de idiomas neste ano. Inicialmente, a instituição vai abrir turmas de inglês e espanhol. Para Carlos Wizard Martins, presidente do MultiHolding, que também controla as marcas Wizard, Alpes e Skill, a nova opção de cursos na People foi criada para otimizar o investimento dos franqueados. Desde que foi adquirida pelo grupo MultiHolding, no primeiro semestre de 2008, a People saltou de 50 para 100 unidades. Martins projeta uma expansão de 20% no faturamento do grupo neste ano e não vê impactos diretos da crise nos seus negócios. "Eu acredito no discurso do presidente Lula de que esta crise é uma marolinha e que vai afetar pouco o setor de serviços do Brasil", afirma o presidente do grupo.

Com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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