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Fórum defende "faxina" em bancos afetados pela crise
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de quase cem horas
de debates e discussões, em
eventos oficiais e paralelos, os
2.500 participantes do Fórum
Econômico Mundial, que terminou ontem na cidade suíça
de Davos, voltarão aos seus países sem um modelo do novo
sistema financeiro mundial
que pretendem construir. A expectativa é que essa tarefa seja
cumprida pelo G20, grupo formado por países ricos e em desenvolvimento, que se reúne
em abril, em Londres.
Segundo o fundador do Fórum Econômico Mundial,
Klaus Schwab, esse foi o encontro mais pessimista de toda a
história. A preocupação dos
participantes foi a de que os
cortes provocados pela crise
global, deflagrada a partir da
crise financeira nos EUA, arraste o crescimento econômico
mundial ao nível mais baixo
desde 1945. Estimativas indicam que o mundo deverá ficar
estagnado em 2009 e o saldo de
desempregados poderá passar
de 50 milhões.
Para a ministra da Economia,
Finanças e Emprego da França,
Christine Lagarde, a onda de
pessimismo acentuará o nacionalismo, especialmente entre
os desenvolvidos. Muitos contribuintes pressionarão o governo para que os impostos sejam injetados na economia de
seus próprios países.
O problema, ainda segundo
Lagarde, é que será necessário
explicar a esses contribuintes a
importância de resgatar o mercado global, o livre comércio e
as empresas internacionais
com esse dinheiro.
Para John Lipsky, vice-diretor-gerente do FMI, não há como estabilizar a economia
mundial sem que os ativos "tóxicos" sejam separados dos ativos "saudáveis" dentro das instituições financeiras envolvidas na crise. Essa medida, que
para Lipsky é fundamental na
definição do novo sistema financeiro global, gerou muitas
dúvidas entre os participantes
do fórum.
O investidor George Soros,
por exemplo, defendeu a criação de "bancos bons" que possam ser recapitalizados pelo
governo, mantendo, ao mesmo
tempo, a parte "ruim".
O governo britânico partiu
em direção diferente, oferecendo aos bancos um seguro que
cobrisse sua "parte ruim".
"Nunca vi alguém fazer seguro
de algo que já aconteceu", contestou o economista Alan Blinder, professor da Universidade
Princeton, nos Estados Unidos.
Para os participantes, seja
qual for a opção escolhida pelos
países, principalmente pelos
EUA, o temor é que comece um
retrocesso, em que os bancos
sejam nacionalizados e o Estado interfira mais na economia,
um recuo na globalização.
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