São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2009

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Fórum defende "faxina" em bancos afetados pela crise

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de quase cem horas de debates e discussões, em eventos oficiais e paralelos, os 2.500 participantes do Fórum Econômico Mundial, que terminou ontem na cidade suíça de Davos, voltarão aos seus países sem um modelo do novo sistema financeiro mundial que pretendem construir. A expectativa é que essa tarefa seja cumprida pelo G20, grupo formado por países ricos e em desenvolvimento, que se reúne em abril, em Londres.
Segundo o fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, esse foi o encontro mais pessimista de toda a história. A preocupação dos participantes foi a de que os cortes provocados pela crise global, deflagrada a partir da crise financeira nos EUA, arraste o crescimento econômico mundial ao nível mais baixo desde 1945. Estimativas indicam que o mundo deverá ficar estagnado em 2009 e o saldo de desempregados poderá passar de 50 milhões.
Para a ministra da Economia, Finanças e Emprego da França, Christine Lagarde, a onda de pessimismo acentuará o nacionalismo, especialmente entre os desenvolvidos. Muitos contribuintes pressionarão o governo para que os impostos sejam injetados na economia de seus próprios países.
O problema, ainda segundo Lagarde, é que será necessário explicar a esses contribuintes a importância de resgatar o mercado global, o livre comércio e as empresas internacionais com esse dinheiro.
Para John Lipsky, vice-diretor-gerente do FMI, não há como estabilizar a economia mundial sem que os ativos "tóxicos" sejam separados dos ativos "saudáveis" dentro das instituições financeiras envolvidas na crise. Essa medida, que para Lipsky é fundamental na definição do novo sistema financeiro global, gerou muitas dúvidas entre os participantes do fórum.
O investidor George Soros, por exemplo, defendeu a criação de "bancos bons" que possam ser recapitalizados pelo governo, mantendo, ao mesmo tempo, a parte "ruim".
O governo britânico partiu em direção diferente, oferecendo aos bancos um seguro que cobrisse sua "parte ruim". "Nunca vi alguém fazer seguro de algo que já aconteceu", contestou o economista Alan Blinder, professor da Universidade Princeton, nos Estados Unidos.
Para os participantes, seja qual for a opção escolhida pelos países, principalmente pelos EUA, o temor é que comece um retrocesso, em que os bancos sejam nacionalizados e o Estado interfira mais na economia, um recuo na globalização.


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