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Cosan-Shell impulsiona etanol no mundo
Maior produtora de biocombustível do país faz joint venture com gigante petroleira em transação estimada em US$ 12 bi
Setor vê parceria como chance de quebrar barreiras no exterior; com R$ 40 bi, grupo terá 1 dos 15 maiores faturamentos do Brasil
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A petroleira anglo-holandesa
Shell e a Cosan anunciaram a
assinatura de memorando de
entendimento para a criação de
duas subsidiárias no Brasil no
prazo de seis meses. As duas
joint ventures, ainda sem nome
definido, terão receita estimada de R$ 40 bilhões por ano, o
que as coloca entre os 15 maiores faturamentos no país.
O negócio representa um
passo histórico para o setor sucroalcooleiro brasileiro e oferece à Shell a possibilidade de diversificação em direção ao setor da economia denominado
de baixo carbono.
Com a transação, estimada
em US$ 12 bilhões, a Shell marca uma inédito ingresso no
mercado de produção de álcool
combustível, algo que a estatal
brasileira Petrobras e a BP (British Petroleum) fazem de forma tímida. Ao mesmo tempo, o
negócio oferecerá à brasileira a
posição de terceira maior distribuidora do país, uma das
maiores redes de distribuição
no exterior, perspectivas de expansão de exportações e projetos de desenvolvimento do etanol celulósico, nova geração
dos biocombustíveis.
"Esse era o passo que faltava
para tornar o etanol uma commodity global", disse Rubens
Ometto, presidente do Conselho de Administração da Cosan.
Para ele, a união com a Shell dará condições de a empresa se
tornar líder mundial em combustíveis renováveis.
A decisão de precipitar o
anúncio do acordo foi tomada
em razão de riscos de vazamento. "A decisão de anunciar a assinatura de um memorando
com as bases do acordo foi tomada para evitar que alguém
tenha acesso a informações e
comece a negociar ações da Cosan", disse Marcelo Martins, vice-presidente financeiro da
Cosan. As ações da empresa subiram 10,7% na Bovespa.
Pelo acordo serão criadas
duas companhias, que terão
partilhados o controle por Shell
e Cosan S.A.. A primeira reunirá as usinas de açúcar e álcool, a
segunda, os ativos de distribuição de combustíveis.
A Cosan -que em 2009 adquiriu os ativos e o direito de
uso da marca Esso no Brasil-
fará a fusão dessa estrutura
com a da Shell. Essa nova companhia -que responderá por
cerca de 80% do faturamento
da joint venture- terá 4.470
postos e distribuirá 17 bilhões
de litros de combustível.
As participações de cada
companhia nas duas subsidiárias não estão definidas e podem não ser equivalentes, mas
a administração será dividida.
A Cosan, líder na produção
de etanol de cana, com produção de 2 bilhões de litros por safra e 1 bilhão de litros em exportações, alocará nas duas novas
empresas ativos com valor total
estimado em US$ 4,9 bilhões, o
que inclui as usinas de açúcar e
álcool e a divisão de distribuição de combustíveis adquiridos
da Esso. Ficarão na Cosan ativos remanescentes (terras, parte da logística, comercialização
e cogeração -termelétricas a
bagaço de cana), de US$ 2,1 bilhões. A Cosan leva para as subsidiárias dívidas calculadas em
US$ 2,5 bilhões.
A Shell ingressará no negócio
com os ativos de distribuição de
combustíveis e mais uma capitalização de US$ 1,625 bilhão. A
petroleira colocará ainda as
participações na Iogen e na Codexis, desenvolvedoras de tecnologia em biocombustíveis.
De Londres, o diretor mundial de distribuição de combustíveis da Shell, Mark Williams,
classificou o acordo como uma
grande "oportunidade" de a
companhia ingressar no mercado de biocombustíveis no
mundo. A oferta de tecnologias
de etanol celulósico poderá, segundo ele, acelerar a produção
de álcool combustível para
ofertar no mercado mundial.
"Há uma enorme oportunidade para acelerar o desenvolvimento de biocombustíveis de
última geração", disse.
A Unica (União da Indústria
de Cana-de-Açúcar) considerou o negócio um passo para a
derrubada de barreiras tarifárias ao etanol brasileiro. "A parceria gera escala, eficiência e
tecnologia, o que contribui para
que o etanol brasileiro conquiste mais espaço no mercado
mundial", disse Marcos Jank,
presidente da Unica.
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