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Brasil quer recuo da Europa no açúcar
Junto com Austrália e Tailândia, país pediu que União Europeia desista de cota extra de exportação
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
Brasil, Austrália e Tailândia
pediram ontem que a União
Europeia recue em sua intenção de exportar 500 mil toneladas a mais de açúcar até 31 de
julho, além de sua cota de 1,3
milhão de toneladas. "Não descartamos nenhum curso de
ação neste momento", disseram em Genebra os respectivos
embaixadores na Organização
Mundial do Comércio.
Não há decisão ainda sobre
levar o caso à OMC. Para esses
países, a medida europeia é ilegal porque o açúcar excedente,
a seu ver, é fruto de produção
"inflada artificialmente" por
subsídios indiretos aos produtores de beterraba (o açúcar europeu vem do legume).
Mas, para a UE, a decisão é
justificável para relaxar as
pressões em um momento "excepcional no mercado", em que
a demanda catapultou os preços para o maior nível em 29
anos devido sobretudo à queda
da produção na Índia, que se
viu obrigada a importar.
"Os preços do açúcar atingiram níveis inéditos", disse na
última quinta a comissária europeia para Agricultura e Desenvolvimento Rural, Mariann
Fischer Boel. "Tal situação
coincidiu com a reestruturação
da indústria açucareira da UE,
quando o preço de mercado foi
reduzido e os produtores menos competitivos pararam de
produzir."
O bloco argumenta também
que fez um levantamento "rigoroso" e que o açúcar extra não
deriva de subsídios.
Brasil, Austrália e Tailândia
insistem que isso não está claro. "Qualquer grama de açúcar
que vá além da cota cabe à UE
provar que não seja subsidiado", disse ontem o embaixador
brasileiro, Roberto Azevedo.
Os três países vão estudar o
custo-benefício jurídico e econômico de abrir consultas na
OMC. Embora não haja prazo
legal para uma decisão, a cota
em questão vigora só até julho.
A preocupação maior é com o
precedente. Mais do que barrar
a venda acima da cota neste
ano, os três países querem um
compromisso de que o mecanismo não volte a ser usado.
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