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PRAGA
Prejuízo em 2003 alcançou 3,2 milhões de toneladas
Para barrar ferrugem, Embrapa defende suspender safrinha da soja
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU
A Embrapa (Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária) está
defendendo a interrupção do
plantio da soja no período conhecido como safrinha, que vai de
maio a setembro. Pesquisadores
querem, desse modo, combater o
avanço da ferrugem asiática, uma
praga que na safra 2002/2003
mandou para o lixo 3,2 milhões
de toneladas de grãos.
O prejuízo foi de US$ 1,076 bilhão, quantia gasta com a perda
de lavouras e defensivos agrícolas.
Para a safra 2003/2004, a Embrapa
estima um estrago ainda maior.
O chefe-adjunto de pesquisa da
Embrapa Soja, João Veloso Silva,
afirmou que a paralisação temporária do plantio pode diminuir os
prejuízos de uma grande safra para outra. "Reduzindo o tempo de
plantio, vamos diminuir a quantidade de soja disponível para a ferrugem", disse José Tadashi Yorinori, pesquisador da Embrapa.
Yorinori e Silva são membros
de uma força-tarefa criada em
conjunto com as secretarias estaduais da agricultura para alertar
os produtores sobre a praga. No
país, ela já é encarada pela Embrapa como epidemia.
"Doença do século"
A doença é caracterizada por
um fungo que germina nas folhas
da planta que dá origem ao grão
de soja. É propagada no inverno,
entre maio e setembro, período
de plantio da safrinha. Em climas
úmidos ou lavouras com plena irrigação, a ferrugem se dissemina
com facilidade pelas folhas, que ficam cobertas pelo orvalho.
Transportada pelo vento, pode
atingir outras áreas. A única solução imediata recomendada pela
Embrapa é a aplicação de defensivos agrícolas e suspensão do plantio em épocas como a safrinha.
Na abertura de três eventos simultâneos sobre soja (7ª Conferência Mundial de Pesquisa de
Soja; 4ª Conferência Internacional de Processamento e Utilização
de Soja e o 3º Congresso Mundial
de Soja), todos realizados em Foz
do Iguaçu até a próxima sexta-feira, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, classificou anteontem a ferrugem como a
"doença do século".
Como o combate à doença ainda está em fase inicial, o estrago
provocado pela ferrugem ainda
apontará crescimento. Silva, da
Embrapa, estimou que a quantidade de grãos afetados vai continuar alta na safra 2003/2004.
O problema é a falta de informação sobre a ferrugem entre os produtores. "Existe um desconhecimento grande por parte dos segmentos dos produtores e da pesquisa [sobre a ferrugem]", disse o
chefe-adjunto de pesquisa.
Desde o início de 2001, o prejuízo em toneladas de grãos perdidos já cresceu seis vezes no Brasil.
Os primeiros focos de ferrugem
na América do Sul foram observados, a partir daquele ano, no
Paraguai e oeste do Paraná.
O repórter Dimitri do Valle está
hospedado em Foz do Iguaçu
a convite da Embrapa
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