São Paulo, terça-feira, 02 de março de 2004

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PRAGA

Prejuízo em 2003 alcançou 3,2 milhões de toneladas

Para barrar ferrugem, Embrapa defende suspender safrinha da soja

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU

A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) está defendendo a interrupção do plantio da soja no período conhecido como safrinha, que vai de maio a setembro. Pesquisadores querem, desse modo, combater o avanço da ferrugem asiática, uma praga que na safra 2002/2003 mandou para o lixo 3,2 milhões de toneladas de grãos.
O prejuízo foi de US$ 1,076 bilhão, quantia gasta com a perda de lavouras e defensivos agrícolas. Para a safra 2003/2004, a Embrapa estima um estrago ainda maior.
O chefe-adjunto de pesquisa da Embrapa Soja, João Veloso Silva, afirmou que a paralisação temporária do plantio pode diminuir os prejuízos de uma grande safra para outra. "Reduzindo o tempo de plantio, vamos diminuir a quantidade de soja disponível para a ferrugem", disse José Tadashi Yorinori, pesquisador da Embrapa.
Yorinori e Silva são membros de uma força-tarefa criada em conjunto com as secretarias estaduais da agricultura para alertar os produtores sobre a praga. No país, ela já é encarada pela Embrapa como epidemia.

"Doença do século"
A doença é caracterizada por um fungo que germina nas folhas da planta que dá origem ao grão de soja. É propagada no inverno, entre maio e setembro, período de plantio da safrinha. Em climas úmidos ou lavouras com plena irrigação, a ferrugem se dissemina com facilidade pelas folhas, que ficam cobertas pelo orvalho.
Transportada pelo vento, pode atingir outras áreas. A única solução imediata recomendada pela Embrapa é a aplicação de defensivos agrícolas e suspensão do plantio em épocas como a safrinha.
Na abertura de três eventos simultâneos sobre soja (7ª Conferência Mundial de Pesquisa de Soja; 4ª Conferência Internacional de Processamento e Utilização de Soja e o 3º Congresso Mundial de Soja), todos realizados em Foz do Iguaçu até a próxima sexta-feira, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, classificou anteontem a ferrugem como a "doença do século".
Como o combate à doença ainda está em fase inicial, o estrago provocado pela ferrugem ainda apontará crescimento. Silva, da Embrapa, estimou que a quantidade de grãos afetados vai continuar alta na safra 2003/2004.
O problema é a falta de informação sobre a ferrugem entre os produtores. "Existe um desconhecimento grande por parte dos segmentos dos produtores e da pesquisa [sobre a ferrugem]", disse o chefe-adjunto de pesquisa.
Desde o início de 2001, o prejuízo em toneladas de grãos perdidos já cresceu seis vezes no Brasil. Os primeiros focos de ferrugem na América do Sul foram observados, a partir daquele ano, no Paraguai e oeste do Paraná.


O repórter Dimitri do Valle está hospedado em Foz do Iguaçu a convite da Embrapa

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