São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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COMÉRCIO EXTERIOR

Saldo de vendas externas atinge US$ 100 bi em 12 meses pela primeira vez na história; nova meta não tem prazo

Governo agora quer exportações de US$ 150 bi

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pela primeira vez na história do país, o saldo das exportações em 12 meses superou US$ 100 bilhões, meta prevista pelo governo Lula para ser atingida em 2006. Entre março de 2004 e fevereiro deste ano, as vendas para o exterior somaram US$ 100,153 bilhões, disse o ministro Luiz Fernando Furlan, após reunião com representantes de 19 setores exportadores.
Estimulado pelo resultado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fixou uma nova meta, de US$ 150 bilhões, mas ainda sem prazo definido, disse Furlan. Lula foi informado do resultado na noite de segunda-feira pelo ministro.
De março de 2004 a fevereiro deste ano o país embarcou US$ 100,153 bilhões em mercadorias para o exterior e importou US$ 65,054 bilhões, o que resultou em um saldo de US$ 35,099 bilhões.
"Gostaria de, em nome do governo, agradecer o esforço das empresas que se dedicaram ao comércio exterior provocando a antecipação da meta prevista para o fim de 2006", disse Furlan.
A meta de exportar US$ 100 bilhões em um ano havia sido definida pelo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1998 e 1999-2002) durante a campanha eleitoral de 1998, quando era candidato à reeleição, mas acabou não sendo cumprida.
No início do governo Lula, em janeiro do ano passado, o Ministério do Desenvolvimento determinou o cumprimento da mesma meta, mas estabeleceu um prazo até dezembro de 2006.
Com o resultado do ano passado, porém, quando as vendas aumentaram 20,71% com relação a 2003, o governo passou a contar com a antecipação do cumprimento da meta para março.
Depois de seis anos consecutivos de saldo negativo, apesar da desvalorização do real em 1999, a balança comercial passou a ser superavitária em 2001. Mas foi em 2003 que as exportações deram um salto e cresceram 20,97%. A balança comercial tem sido a responsável pelo resultado positivo das contas externas.
Segundo Furlan, o presidente Lula telefonou para ele do avião presidencial pela manhã e prometeu um evento para comemorar o resultado, mas uma placa informando que a meta de US$ 100 bilhões em exportações foi atingida decorava o auditório na qual Furlan de entrevista. O ministro disse que uma peça publicitária sobre o cumprimento da meta será veiculada nos próximos dias.
Lula viajou ao Uruguai para participar da posse do socialista Tabaré Vázquez como novo presidente do país.
Furlan, que recentemente mostrou-se preocupado com efeitos da desvalorização do dólar na balança comercial, disse ontem que o "câmbio não está atrapalhando as exportações porque o governo está adotando várias medidas". Essas medidas, disse, são as promoções comerciais, maior habilidade aduaneira e melhora nos custos operacionais.
"Neste ano a Apex [agência de estímulo aos exportadores] vai promover 550 eventos com 15 mil empresas. É inexorável que as exportações cresçam", disse Furlan.
Apesar da comemoração, o ministro também ouviu reclamações dos empresários. Carlos Lovateli, da Associação Brasileira do Agronegócio, disse que neste ano, por causa da desvalorização das commodities, o complexo soja vai exportar US$ 1 bilhão a menos. Elizabeth Carvalhes, diretora da Volkswagen, afirmou que o setor perde com o aumento de custos, por causa dos reajustes de preços de aço e plástico, e com a desvalorização do dólar.


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