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OS PECADOS DO CAPITAL SOBERBA
Executivos enfrentam o ``casual Friday''
SUZANA BARELLI
da Reportagem Local
Acredite: a vida continua após o
fim do terno e da gravata.
Amado ou odiado pelos executivos, o traje social está perdendo espaço nas sextas-feiras, com a instituição do ``casual Friday'', hábito
que permite usar roupas mais descontraídas no local de trabalho. E,
sem a praticidade do ``uniforme'',
vem a inevitável dúvida: e agora, o
que vestir?
Alguns executivos sofrem para
escolher um traje que se encaixe
tanto na descontração do dia
quanto na formalidade que o meio
empresarial exige. Outros tiram de
letra o confronto com o guarda-roupa e até se divertem escolhendo que roupa vestir.
``É uma delícia se vestir na sexta.
E, para não errar, escolho roupas
discretas, de cores neutras'', diz
Antônio Caggiano Filho, sócio-diretor da Coopers & Lybrand.
Mas uma coisa é certa: a maioria
não sai de casa sem o ``OK'' da
mulher, garantindo que não há erro nas combinações das cores ou
na escolha dos tecidos.
``Pergunto à minha mulher para
saber se não estou muito casual'',
diz José Taragano, diretor de recursos humanos da Alcoa.
``É psicológico. Até sei que a
roupa está combinando, mas peço
o aval dela'', diz Glen Valente, 32,
diretor de marketing para associados da American Express.
Quando a administradora de
cartões de crédito começou o programa de ``casual Friday'', Valente
resolveu renovar seu guarda-roupa, com novas calças de prega, camisas e sapatos menos formais.
``Não podia usar a mesma roupa
toda sexta-feira e aproveitei as viagens internacionais para comprar
peças mais informais.''
Para não agredir a etiqueta, ele
trouxe calças e camisas que combinavam entre si.
Antônio Álvaro de Castro Couto,
36, analista de crédito da Alcoa, seguiu o mesmo caminho: compra
suas roupas pensando, até com a
ajuda do vendedor, na sua combinação. Ele sempre evita cores fortes ou desenhos chamativos nas
camisas.
Daltônicos
Alex Zornig, 37, diretor-financeiro do Banco de Boston, conta
que no início do programa de ``casual day'' foi preciso administrar
os daltônicos de primeira viagem.
``Alguns optavam por combinações de cores meio esdrúxulas, que
lembravam a bandeira de Portugal, com muito verde e vermelho.''
O próprio diretor do Boston
conta que foi difícil aprender a ser
``casual''. ``Uma vez, minha mulher me fez trocar de roupa, dizendo que eu parecia um bicheiro.''
O Boston também registrou incidentes folclóricos com o ``casual''.
Num dia de frio, lembra Zornig,
um funcionário foi trabalhar com
uma camisa branca e, por baixo,
uma camiseta com a propaganda
de uma instituição concorrente.
Teve de tirar.
Para Zornig, o mais complicado
é acertar na combinação das meias
com o restante da roupa. ``Já tive
de mudá-las algumas vezes.''
Bermuda
Na maioria das empresas que
aderiram ao ``casual day'' não há
regras claras sobre o que não vestir. Costuma prevalecer a máxima
do bom senso, ou seja, não vale
bermuda, tênis ou jeans. Roupas
mais espalhafatosas também devem ser evitadas.
Em casos de reuniões às sextas-feiras, muitos executivos
abrem mão do ``casual'' e voltam
ao terno.
Victor Mezei, 32, diretor de relações externas da indústria farmacêutica Novartis, mantém uma camisa extra e gravata no escritório,
para reuniões imprevistas nas sextas-feiras.
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