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DISTENSÃO
Dólar também recua com resultados positivos do comércio exterior e a dissipação de incertezas dos investidores
Risco-país cede e cai abaixo dos mil pontos
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
Os recentes resultados positivos
do comércio exterior do país e a
dissipação das incertezas referentes ao novo governo continuam a
refletir na melhora dos indicadores financeiros. O risco-país caiu
ontem 5,44% e rompeu a barreira
psicológica dos mil pontos, ao fechar aos 991 pontos. É o menor
patamar desde 31 de maio do ano
passado. O C-Bond, principal título da dívida externa brasileira,
subiu 3% e fechou transacionado
a US$ 0,815, o maior valor desde
22 de abril de 2002.
O dólar fechou em baixa de
1,25%, cotado a R$ 3,313, o menor
nível desde 18 de janeiro.
Um dos fatores que aceleraram
a queda no risco ontem foi a perspectiva da aprovação da emenda
constitucional sobre o sistema financeiro, que abre espaço para a
aprovação da autonomia do Banco Central.
Segundo economistas e analistas do mercado, um dos principais motivos para a gradual recuperação dos títulos externos brasileiros -que entram na composição do risco-país- é o resultado positivo da balança comercial
(exportações menos importações) e a consequente melhora na
conta corrente (balança comercial e de serviços, ou seja, a diferença entre todas as trocas comerciais e financeiras de uma economia com os demais países).
"Tínhamos entre março e outubro do ano passado muitas incertezas sobre as diretrizes políticas e
econômicas que seriam adotadas
e do crescimento insustentável da
dívida pública. Os últimos resultados e as medidas adotadas pelo
novo governo fizeram esse temor
desaparecer", disse Alexandre
Bassoli, economista-chefe do
HSBC Investment Bank.
A melhora representa uma diminuição da dependência brasileira em relação a capitais externos e, consequentemente, uma
diminuição da vulnerabilidade do
país. "O Brasil está percorrendo o
mesmo caminho que a Rússia fez
em 98. Após declarar o "default"
[calote], o país passou a gerar superávits monstruosos e mostrar
que não teria dificuldade em pagar as suas dívidas. A redução do
déficit externo gera uma queda no
risco e uma diminuição do prêmio pedido pelos investidores para aplicar nos papéis do país", disse Marco Franklin, sócio-diretor
da ARX Capital Management.
Para os investidores, o atual cenário interno proporciona uma
diminuição maior do risco. Entretanto a invasão do Iraque pelos
EUA e suas consequências trazem
um aumento das incertezas que
retardam a queda. "Esse não é um
movimento conjunto dos países
emergentes. Se estivéssemos em
um contexto externo mais favorável, a queda já poderia ter sido
maior", disse Bassoli.
"Não é favor nenhum ao país
um risco abaixo dos mil pontos.
Em 2000, quando tínhamos um
déficit de conta corrente de mais
de 4% do PIB (Produto Interno
Bruto), o risco era por volta de 800
pontos", diz Franklin.
Além disso, os analistas constatam um aumento da demanda pelos títulos brasileiros, motivado
pela diminuição dos papéis disponíveis para investidores estrangeiros devido à compra feita por
instituições que não rolaram seus
vencimentos no ano passado.
Apesar do otimismo, há quem
alerte que parte da melhora da balança comercial em 2002 se deveu
à queda nas importações mais
forte do que o aumento das exportações. Além disso, a desvalorização do real contribuiu para o
saldo das contas externas.
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