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entrevista 1
Demanda em alta sustenta exportações
DA REPORTAGEM LOCAL
Para Gilberto Xandó, diretor de mercado externo da
Sadia, as empresas brasileiras aprenderam a exportar
sem se importar, no curto
prazo, com o câmbio.
(CRISTIANE BARBIERI)
FOLHA - A queda na balança comercial era esperada?
GILBERTO XANDÓ - Não foi nenhuma surpresa, já que nos
últimos trimestres vinham-se anunciando mudanças na
curva do comércio exterior.
FOLHA - Quais os efeitos desse
câmbio na vida real da empresa?
XANDÓ - Apesar da valorização do real, continuamos
tendo demanda muito firme
e crescente por alimentos,
em todo o mundo. Mesmo
com o crescimento dos custos das commodities -nossas principais matérias-primas, como milho e soja, a
preços até então inimagináveis -, os produtos finais
também subiram, em dólares. Isso sustenta a operação
no médio e no longo prazo e
atenua o problema da valorização do real no Brasil.
FOLHA - A empresa conseguirá
manter a projeção de crescimento, mesmo com o real valorizado?
XANDÓ - Sim, continuamos
muito firmes nas perspectivas para o ano. Esperamos
crescimento de 12% a 14% no
volume total, graças à demanda crescente dos países
em desenvolvimento.
FOLHA - Até que ponto as empresas poderão aumentar preços
e continuar exportando?
XANDÓ - Essa é a grande dúvida que está no ar: qual o nível de elasticidade entre o
preço e a demanda em relação ao consumo de alimentos? Existe uma queixa mundial sobre a inflação de alimentos, que está aí, mas os
consumidores não estão deixando de consumir ainda.
Mesmo com os preços em alta, a demanda continua grande porque há o crescimento
de renda, o fenômeno da urbanização e o fortalecimento
da classe média em diversos
países.
FOLHA - O dólar preocupa?
XANDÓ - Lógico que preocupa, mas aprendemos a conviver com uma situação de
câmbio na qual não se pode
olhar para o curto prazo.
FOLHA - Há limite para a queda
do dólar?
XANDÓ - Essa é a pergunta
que vale 1 milhão, mas ninguém sabe a resposta.
FOLHA - O câmbio facilita investimentos no exterior?
XANDÓ - Sim, é um facilitador para investir lá fora, permite estar mais próximo ao
mercado consumidor e fazer
hedge das operações.
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