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Governo estima redução de 20% nas exportações
Queda é consequência da retração do comércio global, devido à crise financeira
Estimativa do Ministério do Desenvolvimento é que as exportações somarão US$ 160 bi; em 2008, foram vendidos US$ 197,9 bi
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da queda do comércio
global, puxada pela crise financeira, o governo estima que as
exportações brasileiras cairão
20% neste ano. Se essa projeção se confirmar, será a primeira vez em dez anos que as vendas ao exterior registrarão redução quando comparadas ao
desempenho do ano anterior.
A estimativa do Ministério
do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior é que as
exportações somarão US$ 160
bilhões. Em 2008, as vendas foram de US$ 197,9 bilhões.
Segundo dados divulgados
ontem, no primeiro trimestre o
saldo comercial foi de US$
3,012 bilhões, 9% a mais que no
mesmo período de 2008.
O desempenho da balança,
positivo para as contas externas do país, veio de dois outros
resultados negativos: tanto as
exportações como as importações tiveram queda. O saldo só
permanece positivo porque as
importações caíram mais do
que as exportações. A queda de
19,4% nas vendas externas segue o movimento mundial de
retração do comércio. Os produtos agrícolas foram o único
grupo da pauta de exportações
do Brasil que conseguiram vender mais no primeiro trimestre.
Para o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, o
aumento de 1,7% das exportações de agrícolas é reflexo "de
uma necessidade básica do ser
humano: se alimentar". "Quando a situação financeira piora, a
prioridade passa a ser a compra
de comida", disse Barral.
O secretário justificou que a
redução de 21,6% das importações é consequência da desaceleração da economia brasileira,
mas apontou também a desvalorização do real em relação ao
dólar -no primeiro trimestre
do ano passado, quando o real
estava valorizado, as compras
externas custavam menos.
Apesar da queda de exportações e importações, em março
ambos os indicadores apresentaram recuperação em relação
a fevereiro. O resultado pode
indicar o início de uma tendência para os próximos meses, dizem especialistas.
As importações cresceram
5% sobre fevereiro, e as exportações, 0,8%, o que levou à queda de 18% do saldo comercial,
que ficou positivo em março
em US$ 1,771 bilhão.
"A retração do comércio exterior foi brutal. A corrente de
comércio do Brasil é compatível [com a queda] dos outros
países. Mas as exportações e
importações mostram alguma
reação em março", diz Francisco Pessoa, economista da LCA.
Júlio Gomes de Almeida,
economista do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), alertou de
que o crescimento das importações em março pode indicar
que o mercado brasileiro está
sendo "terrivelmente assediado" pelos concorrentes no exterior, ou seja, países que não
conseguiram vender em outras
regiões exportaram para o Brasil. Para ele, não há sinais de recuperação na indústria ou na
economia do país que justifiquem alta nas importações.
Pelos dados divulgados ontem, cresceram as importações
de equipamentos de transporte
e de bens não duráveis (como
roupas e calçados). Nos dois casos, os preços dos produtos subiram, o que justifica o maior
valor importado.
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