São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009

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Governo estima redução de 20% nas exportações

Queda é consequência da retração do comércio global, devido à crise financeira

Estimativa do Ministério do Desenvolvimento é que as exportações somarão US$ 160 bi; em 2008, foram vendidos US$ 197,9 bi


JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diante da queda do comércio global, puxada pela crise financeira, o governo estima que as exportações brasileiras cairão 20% neste ano. Se essa projeção se confirmar, será a primeira vez em dez anos que as vendas ao exterior registrarão redução quando comparadas ao desempenho do ano anterior.
A estimativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior é que as exportações somarão US$ 160 bilhões. Em 2008, as vendas foram de US$ 197,9 bilhões.
Segundo dados divulgados ontem, no primeiro trimestre o saldo comercial foi de US$ 3,012 bilhões, 9% a mais que no mesmo período de 2008.
O desempenho da balança, positivo para as contas externas do país, veio de dois outros resultados negativos: tanto as exportações como as importações tiveram queda. O saldo só permanece positivo porque as importações caíram mais do que as exportações. A queda de 19,4% nas vendas externas segue o movimento mundial de retração do comércio. Os produtos agrícolas foram o único grupo da pauta de exportações do Brasil que conseguiram vender mais no primeiro trimestre.
Para o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, o aumento de 1,7% das exportações de agrícolas é reflexo "de uma necessidade básica do ser humano: se alimentar". "Quando a situação financeira piora, a prioridade passa a ser a compra de comida", disse Barral.
O secretário justificou que a redução de 21,6% das importações é consequência da desaceleração da economia brasileira, mas apontou também a desvalorização do real em relação ao dólar -no primeiro trimestre do ano passado, quando o real estava valorizado, as compras externas custavam menos.
Apesar da queda de exportações e importações, em março ambos os indicadores apresentaram recuperação em relação a fevereiro. O resultado pode indicar o início de uma tendência para os próximos meses, dizem especialistas.
As importações cresceram 5% sobre fevereiro, e as exportações, 0,8%, o que levou à queda de 18% do saldo comercial, que ficou positivo em março em US$ 1,771 bilhão.
"A retração do comércio exterior foi brutal. A corrente de comércio do Brasil é compatível [com a queda] dos outros países. Mas as exportações e importações mostram alguma reação em março", diz Francisco Pessoa, economista da LCA.
Júlio Gomes de Almeida, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), alertou de que o crescimento das importações em março pode indicar que o mercado brasileiro está sendo "terrivelmente assediado" pelos concorrentes no exterior, ou seja, países que não conseguiram vender em outras regiões exportaram para o Brasil. Para ele, não há sinais de recuperação na indústria ou na economia do país que justifiquem alta nas importações.
Pelos dados divulgados ontem, cresceram as importações de equipamentos de transporte e de bens não duráveis (como roupas e calçados). Nos dois casos, os preços dos produtos subiram, o que justifica o maior valor importado.


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