São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009

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Venda de veículos volta a bater recorde

Com o IPI reduzido e a retomada das linhas de crédito, mercado automotivo do país registrou o melhor março da história

No 1º trimestre, a indústria também obteve o melhor desempenho para o período; segundo analistas, ao menos por ora a crise foi afastada


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A indústria automotiva voltou a bater recordes, como se a crise já tivesse ficado para trás após a redução do IPI sobre carros e a retomada do crédito.
O setor teve no mês passado o melhor resultado de vendas para um mês de março. Foram vendidos 271.494 veículos -entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus-, volume 17% superior ao registrado no mesmo mês de 2008, conforme apurou a Folha.
Trata-se do segundo mês mais expressivo para a indústria automotiva, atrás de julho de 2008, quando foram vendidas 288.137 unidades.
No acumulado, o setor também bateu recorde -foi o melhor primeiro trimestre da história, com o emplacamento de 668.314 veículos.
"Pelo menos por enquanto, as medidas adotadas foram suficientes para retirar o setor da crise", afirmou o consultor automotivo André Beer, ex-presidente da Anfavea (associação das montadoras).
O impulso das vendas em março, porém, explica-se em parte pela antecipação da compra por parte dos consumidores, que ainda estavam incertos sobre a prorrogação do corte do IPI até o final de junho -o governo anunciou a extensão do benefício na segunda-feira.
Agora, a expectativa é que as vendas se estabilizem em um "bom patamar", mas dificilmente baterão o mês passado, já que não há mais a mesma pressa do consumidor para adquirir o automóvel a um preço menor. Por conta do IPI reduzido, os carros ficaram entre 5% e 7% mais baratos.
"Mas não podemos nos acomodar com o resultado. O mercado é dinâmico. Se tirar o pé, esse momento acabará. Mas a tendência é que, mantida a situação atual, o mercado siga em um bom patamar", afirma Beer. Na sua estimativa, o setor conseguirá vender, neste ano, entre 2,4 milhões e 2,5 milhões de unidades, nível similar ao alcançado em 2007.
Para Luiz Carlos Mello, coordenador do CEA (Centro de Estudos Automotivos) e ex-presidente da Ford no Brasil, a mão do governo foi importante para dissipar o pânico, especialmente após o aperto no crédito vivido pelo setor em outubro e em novembro de 2008.
Além do corte do IPI, o Banco do Brasil ofereceu no ano passado uma linha de R$ 4 bilhões para as financeiras das montadoras, com o objetivo de reativar o crédito no setor.
"Hoje, podemos dizer que as condições de crédito estão ótimas. Não vemos os exageros de 2008, como o financiamento em 84 parcelas, mas as condições já estão normalizadas."
Mello defende que o governo prorrogue o corte do IPI novamente no final de junho para garantir a manutenção dos níveis de venda.
Beer avalia que, se for para retomar a cobrança, o governo deverá fazê-lo de forma escalonada. "Tem de ser uma política gradativa, para evitar um efeito psicológico indesejável", diz.
(PAULO DE ARAUJO)


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