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SISTEMA FINANCEIRO
US$ 181,6 milhões do Noroeste são desviados principalmente para Suíça; Price pode ser processada
Fraude em banco é rastreada em 5 países
FREDERICO VASCONCELOS
da Reportagem Local
Um rastreamento da fraude no
Banco Noroeste, segundo levantamento obtido pela Folha, revela
que US$ 181,6 milhões foram desviados -do paraíso fiscal das
Ilhas Cayman- para cinco países,
incluindo mercados tão díspares
como China e Nigéria. Mas, como
é usual nesses casos, o grosso do
dinheiro (US$ 120,3 milhões) foi
parar em bancos na Suíça.
Parte substancial dos recursos
(US$ 38,2 milhões) foi desviada
para a Inglaterra e US$ 14,7 milhões, para os Estados Unidos. Foram listadas como beneficiárias
das remessas 20 empresas.
A fraude envolvia remessas de
dinheiro sem documentação comprobatória, contabilização indevida de juros na agência das Ilhas
Cayman e outros valores (US$
54,3 milhões) cuja natureza não
foi determinada.
Até dezembro último, a Price
Waterhouse havia identificado divergências nos registros contábeis
do banco e nos extratos emitidos
pela agência, no total de US$ 236,2
milhões. As operações fraudulentas, contudo, continuaram sendo
praticadas neste ano, ainda nas
vésperas da homologação oficial
da compra do Noroeste pelo banco espanhol Santander, chegando-se a um rombo total de US$
242 milhões até o dia 20 de janeiro.
Detectado o desfalque, os
ex-controladores do banco, as famílias Wallace e Simonsen, contrataram a Kroll Associates, uma
firma privada de investigação com
sede nos Estados Unidos e escritório em São Paulo.
Esperam, com isso, ver parte daquela fortuna repatriada pelos
mesmos caçadores de dinheiro
perdido, que localizaram, anos
atrás, o caminho tomado por fortunas ilegais de ex-ditadores, como Ferdinando Marcos, das Filipinas, e Jean-Claude Duvalier
("Baby Doc"), do Haiti.
A contratação da Kroll sugere
que os antigos sócios e administradores pretendem demonstrar
que a fraude seria de responsabilidade de altos executivos do banco.
Eles se antecipam, assim, aos inquéritos administrativos e processos judiciais que seguramente deverão ser detonados e que poderão
atingi-los, no mínimo, por falhas
nos controles internos do banco.
Prevê-se que o caso deverá caminhar para uma acirrada disputa
judicial. Segundo os antigos controladores do Noroeste, o advogado criminalista Antônio Cláudio
Mariz de Oliveira foi contratado
para propor nos próximos dias
queixa-crime contra o diretor da
área internacional, Nelson Sakagushi, a quem responsabilizam
pelas operações irregulares.
Os ex-controladores do Noroeste estudam a possibilidade de processar a Price Waterhouse, auditores independentes do banco,
sob a alegação de que a firma não
teria detectado, a tempo, as operações fraudulentas.
A empresa de auditoria não quis
se pronunciar. A Folha apurou
que a empresa está bem documentada para comprovar que seus
procedimentos contábeis foram
corretos.
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