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1º DE MAIO
João Felício, presidente da central, diz que também pode defender a redução dos prazos de negociações salariais
CUT muda discurso e "aceita" gatilho salarial
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da CUT, João Felício, mudou o discurso que a central vinha adotando sobre reajustes de salários dos trabalhadores.
Até poucos dias atrás, Felício rejeitava o gatilho salarial. Ontem,
porém, afirmou que a CUT poderá defender a redução dos prazos
oficiais de reajustes dos salários
para garantir seu poder aquisitivo. O prazo atual é de 12 meses.
Felício disse que correr agora
atrás do gatilho salarial (reajuste
automático do salário quando a
inflação ultrapassa um índice) é
ajudar o retorno da inflação.
"Mas, se ela voltar mesmo com
peso, a CUT pode passar a discutir nova periodicidade dos reajustes, sejam mensais, trimestrais,
semestrais ou até o gatilho."
A mudança de posição da CUT
ocorreu depois que a central enfrentou uma forte resistência à
sua política de abonos salariais.
Os metalúrgicos da General Motors de São José dos Campos (SP),
ligados ao PSTU (ala de esquerda
da CUT), entraram em greve há
três semanas por gatilho de 3%.
Atualmente eles suspenderam a
greve e tiraram o gatilho da pauta
de reivindicações. Mas não descartam voltar a reivindicá-lo. Felício disse não estar completamente satisfeito com o governo de
Luiz Inácio Lula da Silva, pois o
desemprego continua em alta. "O
governo teve grandes conquistas.
Conseguiu controlar a inflação,
recuperar a credibilidade internacional do país e reduzir o valor do
dólar. Mas o desemprego continua alto, em torno de 19%."
Felício afirmou que teve uma
reunião recentemente com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, quando perguntou quando afinal a economia do Brasil
voltaria a crescer. "Palocci disse
que isso ocorrerá no segundo semestre. É o nosso desejo."
Caso isso não ocorra, disse o
sindicalista, a CUT continuará a
criticar o governo. "Tem muita
gente na marginalidade e, sem
crescimento econômico, continuaremos a ter patamares extremamente altos do desemprego."
Felício abrandou as críticas ao
governo ao subir nos palcos de alguns dos nove eventos que a CUT
preparou para celebrar o Dia do
Trabalho na Grande São Paulo.
Em Campo Limpo, na zona sul
de São Paulo, disse a cerca de
3.000 pessoas [segundo avaliação
da PM] que "2003 tem sido um
ano diferente dos anteriores, pois
o governo trouxe a esperança".
Disse que Lula é diferente do ex-presidente FHC. "Com o Lula
existe diálogo, há participação política da sociedade."
Afirmou que o número de desempregados ainda é muito alto.
"Mas com certeza em 2004 teremos um ano melhor." O sindicalista negou que a CUT trabalhe
para amenizar tensões entre trabalhadores, empresas e governo.
"A outra central [Força Sindical] é
que apoiou tudo o que o ex-presidente FHC propôs ao longo de oito anos." Ele disse que a CUT trabalha independente do governo.
Os eventos da central para o Dia
do Trabalho na Grande São Paulo, que contou com músicos e atos
políticos, foram bastante confusos. Em Campo Limpo, por
exemplo, o animador anunciou
que o presidente do PT, José Genoino, deveria comparecer ao
evento. Não foi. Esteve no festejo
em Mauá (ABC paulista), que
reuniu cerca de 12 mil pessoas.
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