São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2007

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Governo parece mais Malan do que Mantega, diz Velloso

A queda de 45,86% do superávit primário em março em relação ao mesmo mês do ano passado não deve ser encarada como indicação de uma nova tendência do governo. Um mês só é pouco para tirar uma conclusão. O importante é que, no primeiro trimestre, os resultados continuaram positivos.
De janeiro a março, o superávit somou R$ 27,27 bilhões (4,68% do PIB), mais de R$ 6 bilhões acima dos R$ 20,98 bilhões (3,89% do PIB) no mesmo período do ano passado. Na opinião do economista Raul Velloso, esse é o resultado que deve ser levado em consideração, e não o de apenas um mês.
Velloso considera esses números do início do segundo mandato do governo Lula surpreendentes, já que havia uma promessa de aumento dos investimentos com a criação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O PAC previa uma injeção de mais R$ 10 bilhões em investimentos públicos por ano em comparação ao que se gastou no ano passado. Os investimentos subiram muito pouco. "Os desembolsos ainda estão muito lentos", diz o economista.
Mas não são só os investimentos que surpreenderam. Também contrariando as previsões, a arrecadação fiscal subiu, apesar de o governo ter anunciado uma série de desonerações e da impressão que havia de que a carga tributária teria batido no teto. Nem uma coisa nem outra. Os investimentos não subiram o que se esperava e a arrecadação não caiu como se imaginava.
"O governo, neste início do segundo mandato, está mais para [Pedro] Malan do que para [Guido] Mantega", diz Velloso. Ele se refere ao fato de que a política econômica na época de Malan ao mesmo tempo em que aumentava a arrecadação também segurava as despesas, enquanto Mantega defende o oposto.
Esses dois fatos se explicam. Em primeiro lugar, os desembolsos estão lentos porque o governo demorou a escolher e escalar sua equipe. O nome do novo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, só foi escolhido há pouco tempo, assim como no caso da maioria. Agora, com o time em campo, a situação pode ser revertida.
Já a arrecadação aumentou por dois motivos. Em primeiro lugar, em razão do crescimento da economia. Além disso, as empresas também têm apresentado uma lucratividade maior do que se previa, o que tem favorecido esse aumento da arrecadação de impostos.

ESPORTIVA

A Sony Corporation assinou contrato de parceria global com a Fifa, válido até 2014, no valor de US$ 305 milhões. Com isso, a empresa será parceira da Fifa na categoria "Vida Digital", que abrange de tecnologia a entretenimento, envolvendo todas as empresas do grupo. O contrato prevê a participação da Sony em atividades em mais de 40 eventos da Fifa, inclusive nas Copas do Mundo de 2010 e 2014. "A parceria é mundial, afeta todos os países em que a Sony atua", diz Marcus Trugilho, responsável pela comunicação e pela propaganda da Sony Brasil. Neste ano, a empresa poderá associar sua logomarca aos cinco eventos programados pela Fifa: a Copa Mundial Fifa sub-20, no Canadá, a sub-17, na Coréia, a feminina Fifa 2007, na China, a de futebol de praia Fifa 2007, no Brasil, e a de clubes Fifa 2007, no Japão.

MUDANÇA
Um ano após ter assumido a Fazenda, Guido Mantega finalmente se mudou, no último fim de semana, para a residência oficial do ministro, no Lago Sul, que foi ocupada pelo antecessor, Antonio Palocci. A mudança foi feita durante os dias do feriado, com a família. Até então, Mantega morava num hotel em Brasília. Ele embarca hoje para o Equador para participar da reunião do Banco do Sul com os ministros da Fazenda dos países sul-americanos. Depois que o governo brasileiro pediu, as discussões a respeito do Banco do Sul vão começar do zero.

AO VENTO
A Rolex patrocinará pela primeira vez um evento esportivo no Brasil, a Rolex Ilhabela Sailing Week. Programada para julho, ela deve reunir 200 barcos de quatro países. A Rolex tem parcerias internacionais com iatismo, golfe, tênis, hipismo e automobilismo.

CARRO VELHO
A Indiana teve alta de 118% na carteira de seguros Placa Preta -produto para carros antigos com valor histórico- ante 2006. Para a federação de veículos antigos, há cerca de 9.000 carros do tipo no mercado nacional.

TRIBUTAÇÃO
Acontecerá, quinta e sexta, em SP, a conferência "Tax Aspects of Cross-border Transactions in Latin American Markets", promovida pela International Bar Association, que reúne mais de 30 mil advogados no mundo. Na pauta, a relação entre sistemas tributários de diferentes países em negócios transnacionais.

DE PANO
Depois de abril empatado com março, atacadistas de tecidos esperam que a queda da temperatura e o Dia das Mães elevem as vendas, segundo o sindicato do setor.

Bradesco aposta em dois cortes de 0,5 na Selic

O economista Octavio de Barros, diretor do Bradesco, não vê maiores dificuldades de o Banco Central baixar em 0,5 ponto percentual a Selic nas próximas duas reuniões do Copom até voltar para o ritmo de corte de 0,25 ponto percentual. "A dinâmica da oferta doméstica e as importações dão esse conforto", diz.
Segundo ele, é cada vez mais visível no Brasil a migração de uma economia com viés historicamente rentista para uma economia bem mais focada nos negócios. "Seria previsível que isso ocorresse em algum momento, e tenho a percepção de que esse momento está apenas começando."
Para Barros, a queda responsável da taxa de juros, com inflação sob controle, está abrindo o apetite para o empreendedorismo, agora com risco apenas no negócio, e não fora dele. "Faz tempo que não via apetite por tomada de risco tão significativo como atualmente no país."
Segundo o economista, "muitos analistas subestimaram olimpicamente os efeitos benfazejos da baixa volatilidade do PIB e da baixa inflação no processo decisório de investimento no Brasil".


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