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São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2003

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REVOADA DE CAPITAL

Investidor estrangeiro reduziu exposição ao Brasil e parou de dar crédito; em 2003 situação mudou

US$ 6 bi foram "negados" ao país em 2002

MARIA LUIZA ABBOTT
ENVIADA ESPECIAL A LAUSANNE

Nos últimos três meses de 2002, apesar da aparente recuperação do humor dos investidores internacionais com o Brasil -depois do que o mercado chamava de incertezas eleitorais-, foi registrada a maior saída de fundos de bancos estrangeiros do país em cinco trimestres.
É isso o que mostra o último relatório do BIS (Bank for International Settlements, o banco de compensações internacionais), com sede na Basiléia, na Suíça.
A exposição dessas instituições a bancos brasileiros foi reduzida em US$ 6,1 bilhões naquele período, a maior queda desde o segundo trimestre de 2001.
De acordo com o BIS, essa redução -que significa que há mais pagamentos a bancos estrangeiros do que entrada de recursos, como créditos- foi registrada em bancos dos Estados Unidos, da Holanda e de paraísos fiscais.
Segundo o relatório, a exposição dos bancos estrangeiros ao país continua sendo a maior entre os mercados emergentes. Porém, caiu de 34% para 32% do total entre o terceiro e o quarto trimestres do ano passado.
O aperto de crédito foi reforçado pela queda no volume de empréstimos sindicalizados (de grupos de instituições financeiras estrangeiras) fechados no período.
Nos últimos três meses de 2002, o valor de novos empréstimos desse tipo ficou em US$ 600 milhões, comparado aos US$ 2,4 bilhões assinalados no mesmo período do ano anterior.

Leve melhora
O único sinal de que o nervosismo em relação ao país estava diminuindo no fim do ano passado foi um aumento no nível de compromissos em créditos (não desembolsados) assumidos pelos bancos, depois de quatro trimestres consecutivos de declínio.
Nesse período também, a exposição total de bancos aos países emergentes caiu em US$ 37 bilhões. Essa foi a maior contração desde o terceiro trimestre de 1998.
Mas houve diferenças entre as regiões. Na América Latina, o fluxo líquido de recursos continuou negativo. Caiu também para a Ásia, mas aumentou em países do leste e do centro da Europa, especialmente aqueles em processo de ingresso na União Européia.
Já nos primeiros meses de 2003, aumentou o volume de recursos disponíveis para os emergentes no mercado de dívidas -captação de recursos por emissão de papéis- segundo o relatório.
Desde o primeiro trimestre de 2003, a captação líquida em emissão de papéis por esses governos cresceu 52% sobre o ano anterior e atingiu US$ 13,2 bilhões.
A queda dos rendimentos nas aplicações em papéis de governos e empresas de países desenvolvidos foi a principal causa dessa mudança. Isso levou os investidores a optarem por se arriscar mais em busca de lucro maior.
"Mercados emergentes altamente endividados como Brasil e Turquia, que tinham descoberto que os mercados estavam totalmente fechados para eles ainda em julho do ano passado, recuperaram acesso em termos relativamente favoráveis", diz o relatório.

Valorização
Como resultado dessa busca dos investidores por um maior ganho, o real, o peso argentino e o rand sul-africano se valorizaram. No primeiro trimestre do ano, o setor privado brasileiro conseguiu captar US$ 1,5 bilhão nesse mercado. No trimestre do ano anterior, o número ficou negativo em US$ 1,3 bilhão.


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