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REVOADA DE CAPITAL
Investidor estrangeiro reduziu exposição ao Brasil e parou de dar crédito; em 2003 situação mudou
US$ 6 bi foram "negados" ao país em 2002
MARIA LUIZA ABBOTT
ENVIADA ESPECIAL A LAUSANNE
Nos últimos três meses de 2002,
apesar da aparente recuperação
do humor dos investidores internacionais com o Brasil -depois
do que o mercado chamava de incertezas eleitorais-, foi registrada a maior saída de fundos de
bancos estrangeiros do país em
cinco trimestres.
É isso o que mostra o último relatório do BIS (Bank for International Settlements, o banco de
compensações internacionais),
com sede na Basiléia, na Suíça.
A exposição dessas instituições
a bancos brasileiros foi reduzida
em US$ 6,1 bilhões naquele período, a maior queda desde o segundo trimestre de 2001.
De acordo com o BIS, essa redução -que significa que há mais
pagamentos a bancos estrangeiros do que entrada de recursos,
como créditos- foi registrada
em bancos dos Estados Unidos,
da Holanda e de paraísos fiscais.
Segundo o relatório, a exposição dos bancos estrangeiros ao
país continua sendo a maior entre
os mercados emergentes. Porém,
caiu de 34% para 32% do total entre o terceiro e o quarto trimestres
do ano passado.
O aperto de crédito foi reforçado pela queda no volume de empréstimos sindicalizados (de grupos de instituições financeiras estrangeiras) fechados no período.
Nos últimos três meses de 2002,
o valor de novos empréstimos
desse tipo ficou em US$ 600 milhões, comparado aos US$ 2,4 bilhões assinalados no mesmo período do ano anterior.
Leve melhora
O único sinal de que o nervosismo em relação ao país estava diminuindo no fim do ano passado
foi um aumento no nível de compromissos em créditos (não desembolsados) assumidos pelos
bancos, depois de quatro trimestres consecutivos de declínio.
Nesse período também, a exposição total de bancos aos países
emergentes caiu em US$ 37 bilhões. Essa foi a maior contração
desde o terceiro trimestre de 1998.
Mas houve diferenças entre as
regiões. Na América Latina, o fluxo líquido de recursos continuou
negativo. Caiu também para a
Ásia, mas aumentou em países do
leste e do centro da Europa, especialmente aqueles em processo de
ingresso na União Européia.
Já nos primeiros meses de 2003,
aumentou o volume de recursos
disponíveis para os emergentes
no mercado de dívidas -captação de recursos por emissão de
papéis- segundo o relatório.
Desde o primeiro trimestre de
2003, a captação líquida em emissão de papéis por esses governos
cresceu 52% sobre o ano anterior
e atingiu US$ 13,2 bilhões.
A queda dos rendimentos nas
aplicações em papéis de governos
e empresas de países desenvolvidos foi a principal causa dessa
mudança. Isso levou os investidores a optarem por se arriscar mais
em busca de lucro maior.
"Mercados emergentes altamente endividados como Brasil e
Turquia, que tinham descoberto
que os mercados estavam totalmente fechados para eles ainda
em julho do ano passado, recuperaram acesso em termos relativamente favoráveis", diz o relatório.
Valorização
Como resultado dessa busca
dos investidores por um maior
ganho, o real, o peso argentino e o
rand sul-africano se valorizaram.
No primeiro trimestre do ano, o
setor privado brasileiro conseguiu captar US$ 1,5 bilhão nesse
mercado. No trimestre do ano anterior, o número ficou negativo
em US$ 1,3 bilhão.
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