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São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2003

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FINANÇAS

Analistas acreditam que investidor tem "apetite" por novos títulos do governo com período de vencimento longo

Mercado "torce" por emissão e prazo maior

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Rumores de que o governo estaria se preparando para fazer uma nova emissão de títulos da dívida soberana voltaram a crescer na sexta-feira passada e devem continuar a atrair a atenção dos mercados, nos próximos dias.
A última emissão de títulos ocorreu em 29 de abril. Esses papéis lançados tiveram demanda cinco vezes maior que a oferta inicial. O Banco Central teria vendido US$ 1 bilhão, com prazo de três anos e sete meses.
"Há um apetite para emissões mais longas do que a primeira, entre 7 e 15 anos. O ponto médio seria em torno de 10 anos", diz um executivo do setor bancário.
Para ele, o mercado internacional "vê a dívida externa brasileira como um ativo barato com potencial de valorização grande".
"A tendência é de emissão mais longa", confirma outro executivo, ao ressalvar que, por enquanto, não há nada de concreto com relação à ida do Brasil ao mercado.

Câmbio
A volatilidade do dólar deve diminuir nos próximos dias, segundo operadores, com a definição da Ptax (taxa média diária do dólar medida pelo Banco Central) de sexta-feira passada, último dia útil do mês. Essa taxa é usada para liquidação de contratos de dólar no mercado futuro com vencimento no fim de maio.
Grandes investidores e tesourarias de bancos buscaram, nos últimos dias, influenciar a formação da taxa que lhes fosse mais interessante, o que reforçou as oscilações do câmbio.
Para alguns analistas, novas captações feitas no mercado internacional contribuiriam para o recuo do dólar, que fechou cotado a R$ 2,968, na sexta-feira.
"Se a emissão do governo federal for bem-sucedida e anunciada nesse período, o dólar deve cair", diz um analista de banco.
Para outros analistas, porém, essas captações devem diminuir. Além disso, a concentração de vencimentos externos do setor privado e de cambiais do governo pressionariam mais o câmbio.
É possível que o BC inicie no final da semana a rolagem da dívida que vence no próximo dia 12, o que também pode aumentar o nervosismo.
Na quarta-feira sai mais um dado sobre inflação, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe do mês de maio. Segundo o BBV Banco, a expectativa é de alta de 0,25%.
"Preços de alimentos devem possibilitar a queda marginal da inflação", afirma Octavio de Barros, economista-chefe. Segundo ele, agora "há possibilidade de o BC reduzir a taxa de juros na próxima reunião, em junho".
Até as vésperas do último encontro do Copom (Comitê de Política Monetária), nos dias 17 e 18 de maio, a equipe do BBV era uma das vozes contrárias ao corte da taxa básica de juros, a Selic. Economistas do banco diziam que não convinha antecipá-lo para não correr o risco de abortá-lo ou interrompê-lo prematuramente no futuro.

Bolsa
Sem a expectativa de fatos relevantes para a Bolsa no cenário doméstico, analistas dizem esperar que a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) siga mais de perto as Bolsas dos Estados Unidos, como na sexta-feira passada.
A reversão da queda da Bovespa ocorreu com a divulgação do indicador de Chicago (Gerentes de Compras), que subiu além do esperado. Isso, somado à notícia de revisão do PIB dos EUA, que cresceu no primeiro trimestre 1,9% (e não 1,6%), ajudou a impulsionar as Bolsas.


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