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TRIBUTOS
Projeto vai propor redutor de R$ 100 sobre salários; mecanismo traz vantagem menor a trabalhador de maior renda
Governo adia correção do IR e oferece "alívio"
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os contribuintes do Imposto de
Renda serão beneficiados, de
agosto a dezembro deste ano, incluindo o 13º salário, com um redutor a ser aplicado no cálculo do
tributo devido.
A regra, que ainda precisa passar pela aprovação do Congresso,
foi acertada ontem em reunião do
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) com representantes
das centrais sindicais, mediada
pelo presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP).
Será adotado um redutor de R$
100 sobre a chamada renda tributável líquida, ou seja, o salário
mensal menos as deduções permitidas pela legislação. A medida
faz com que o benefício seja proporcionalmente maior para os assalariados de menor renda.
Por exemplo: um trabalhador
com renda mensal de R$ 1.800 e
dois dependentes tem hoje renda
tributável líquida de R$ 1.390, pois
pode deduzir os R$ 231 da contribuição previdenciária e mais R$
106 por dependente.
Pelo mecanismo atual, esse trabalhador paga todo mês um IR de
R$ 49,80, resultante da aplicação
da alíquota de 15% menos a dedução básica de R$ 158,70 prevista
na tabela do imposto.
Com a nova regra, a renda tributável líquida cai para R$ 1.290, e
o imposto devido, para R$ 34,80
-um ganho de 30,1%.
Aplicando a mesma fórmula
para um salário de R$ 4.000, o imposto devido cai de R$ 542,74 para R$ 515,24 (5,1%). E assim por
diante: quanto maior a renda, menor o ganho proporcional.
Se a tabela do IR fosse corrigida
por um índice de preços, os benefícios seriam uniformemente distribuídos entre as faixas de renda.
A Fazenda, porém, argumenta
que o IR hoje é pago por um número pequeno de contribuintes,
quase todos pertencentes à camada mais rica da população.
Segundo Palocci, o benefício
aos contribuintes significará uma
perda de arrecadação de R$ 500
milhões para o governo, que será
bancada com cortes em despesas
correntes. "Não vamos cortar investimentos, vamos cortar no
custeio. Já temos um know-how
de ajustes", disse.
A medida deverá ser encaminhada ao Congresso na forma de
projeto de lei -outra opção é
uma medida provisória, que entra
em vigor imediatamente.
Correção da tabela
O redutor foi a alternativa encontrada pela Fazenda para responder à pressão política em favor da correção imediata pela inflação da tabela do IR, liderada
pelas centrais sindicais e com forte apoio no Congresso.
Em resposta aos apelos, Palocci
vinha dizendo que a correção da
tabela era uma possibilidade a ser
discutida para ser adotada no
próximo ano. Ontem, essa possibilidade foi transformada em
compromisso do governo.
Será enviado ao Congresso um
projeto criando uma nova tabela
em 2005, provavelmente com novas faixas de tributação -hoje, só
existem três: de isenção, de 15% e
de 27,5%. "Será uma tabela mais
progressiva, que pode ter mais alíquotas", disse Palocci.
Em estudos anteriores, a Receita
Federal já cogitou a criação de
uma alíquota de 35% para as rendas mais altas e uma de 5% para
as mais baixas. Em nota, a Fazenda afirmou que a nova tabela
manterá a arrecadação atual. Os
sindicalistas arrancaram de Palocci, porém, a promessa de que a
atual faixa de isenção -salários
até R$ 1.058- será mantida.
"O ministro resistiu, mas nos
bastidores as negociações vinham
avançando", disse Luiz Marinho,
presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores). "Arrancar
qualquer coisa do Palocci é uma
vitória", segundo Paulo Pereira
da Silva, da Força Sindical.
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