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TRIBUTOS
Ministro teve de adotar "Plano B" sobre proposta para mudar o imposto
Palocci era contra alterar a tabela
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ainda que o benefício aos contribuintes e o impacto nas contas
públicas seja relativamente pequeno, a mudança no Imposto de
Renda foi a maior derrota sofrida
até aqui pelo ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda).
Em mais de duas horas de negociação com representantes das
principais centrais sindicais do
país, o ministro ainda tentou ontem manter a posição manifestada publicamente nas últimas semanas: só promover alterações na
tabela do Imposto de Renda a
partir do próximo ano.
Mas, já prevendo que poderia
ser obrigado a ceder, Palocci havia levado uma proposta alternativa ao encontro, realizado na casa
do presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), do qual
participaram ainda os deputados
petistas Professor Luizinho (SP),
líder do governo, e Carlito Merrs
(SC), encarregado pelo Planalto
de elaborar um projeto sobre a
correção da tabela.
Quando ficou claro que os sindicalistas não abririam mão de reduzir a tributação do IR neste ano,
Palocci apresentou a opção elaborada nos últimos dias por sua
equipe -conceder um redutor
de R$ 400 no cálculo do IR relativo ao 13º salário deste ano.
"Aí eu disse para ele: "Não vai
dar. Assim nós vamos apanhar
em porta de fábrica'", relatou o
presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
Palocci teve de ceder mais, até a
regra finalmente aprovada por todos os participantes.
Ao anunciar o resultado da reunião, João Paulo, articulador do
acordo, seguiu a praxe política de
apresentar os dois lados como
vencedores, no que foi imitado
por todos. "Eu esperava mais,
mas negociação é assim", disse
Luiz Marinho, presidente da CUT
(Central Única dos Trabalhadores) e líder da pressão sobre o governo para a mudança da tabela.
"Isso nos dá uma perda de arrecadação, mas nós achamos justo",
afirmou Palocci. Questionado sobre a sua resistência anterior à
medida, resumiu: "Temos de ser
sensíveis aos apelos".
A derrota de Palocci começou
de forma quase casuística há cinco semanas, quando o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, discursando a metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP), seu berço
político, ouviu da platéia cobranças pela correção do IR.
De improviso, Lula prometeu
uma decisão sobre o tema, se possível ainda naquela semana.
Àquela altura, a equipe econômica não planejava nenhuma providência imediata a respeito do tema. O fato político, porém, estava
consumado.
(GUSTAVO PATU)
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