São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2004

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TRIBUTOS

Ministro teve de adotar "Plano B" sobre proposta para mudar o imposto

Palocci era contra alterar a tabela

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ainda que o benefício aos contribuintes e o impacto nas contas públicas seja relativamente pequeno, a mudança no Imposto de Renda foi a maior derrota sofrida até aqui pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
Em mais de duas horas de negociação com representantes das principais centrais sindicais do país, o ministro ainda tentou ontem manter a posição manifestada publicamente nas últimas semanas: só promover alterações na tabela do Imposto de Renda a partir do próximo ano.
Mas, já prevendo que poderia ser obrigado a ceder, Palocci havia levado uma proposta alternativa ao encontro, realizado na casa do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), do qual participaram ainda os deputados petistas Professor Luizinho (SP), líder do governo, e Carlito Merrs (SC), encarregado pelo Planalto de elaborar um projeto sobre a correção da tabela.
Quando ficou claro que os sindicalistas não abririam mão de reduzir a tributação do IR neste ano, Palocci apresentou a opção elaborada nos últimos dias por sua equipe -conceder um redutor de R$ 400 no cálculo do IR relativo ao 13º salário deste ano.
"Aí eu disse para ele: "Não vai dar. Assim nós vamos apanhar em porta de fábrica'", relatou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
Palocci teve de ceder mais, até a regra finalmente aprovada por todos os participantes.
Ao anunciar o resultado da reunião, João Paulo, articulador do acordo, seguiu a praxe política de apresentar os dois lados como vencedores, no que foi imitado por todos. "Eu esperava mais, mas negociação é assim", disse Luiz Marinho, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e líder da pressão sobre o governo para a mudança da tabela.
"Isso nos dá uma perda de arrecadação, mas nós achamos justo", afirmou Palocci. Questionado sobre a sua resistência anterior à medida, resumiu: "Temos de ser sensíveis aos apelos".
A derrota de Palocci começou de forma quase casuística há cinco semanas, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, discursando a metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP), seu berço político, ouviu da platéia cobranças pela correção do IR.
De improviso, Lula prometeu uma decisão sobre o tema, se possível ainda naquela semana. Àquela altura, a equipe econômica não planejava nenhuma providência imediata a respeito do tema. O fato político, porém, estava consumado. (GUSTAVO PATU)


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