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Aquecimento da construção eleva preços
Setor cresceu, no primeiro trimestre do ano, 7% em relação aos três últimos meses de 2005, segundo dados do IBGE
Cimento aumenta 1% em maio, na primeira alta em quase dois anos; procura por itens da construção civil está maior, dizem especialistas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Construir ou reformar a casa
ficou mais caro, e uma das causas do aumento de preços é o
próprio aquecimento da atividade de construção civil. Os
preços médios de serviços e da
mão-de-obra subiram 0,81%
em maio, a maior variação desde junho de 2005, segundo dados do INCC (Índice Nacional
da Construção Civil), pesquisado pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Em abril, o indicador havia subido apenas 0,21%.
Item de maior consumo do
setor, o cimento subiu 1% em
maio, na primeira alta em quase dois anos, de acordo com a
FGV. "Nesse caso, o aumento é
compatível com a recuperação
do setor", afirmou Salomão
Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV.
Anteontem, os dados do PIB
mostraram forte aquecimento
da construção civil, que não se
via há muito tempo. O setor
cresceu, no primeiro trimestre,
7% em relação aos três últimos
meses do ano passado, segundo
o IBGE. No acumulado dos
quatro trimestres encerrados
em março de 2006, a expansão
ficou em 2,8%.
Além do cimento, também
subiram com força os preços de
condutores elétricos (24,5%),
ferragens para esquadrias
(1,35%) e esquadrias de alumínio (0,47%). Esses foram os
reajustes de maior impacto no
INCC, junto com o cimento.
Ao todo, o grupo materiais e
serviços teve incremento de
0,42% em maio. Neste ano, o
INCC teve alta de 1,77%. Em
2005, acumulou reajuste de
6,84%.
Os aumentos de fios e esquadrias, diz Quadros, são resultado do "choque dos metais", cujas cotações estão em alta no
mercado internacional. Um
dos itens de maior pressão é o
cobre, principal insumo de
componentes elétricos, como
fios e condutores.
Mão-de-obra
Além da pressão de demanda
em um momento em que o setor começa a reagir, o INCC subiu também a reboque do reajuste dos salários, que aumentaram 5,5% em São Paulo, em
média, segundo o Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da
Construção Civil no Estado de
São Paulo).
Pressionado pelos dissídios,
o CUB (Custo Unitário Básico
da construção civil) de São Paulo subiu 2,77% em maio na
comparação com abril, segundo dados divulgados pelo Sinduscon-SP.
"De fato, a mão-de-obra teve
um grande impacto no índice,
especialmente porque São Paulo é a região de maior peso", disse Quadros.
Para Eduardo Zaidan, diretor
do Sinduscon-SP, "é inegável
que o setor da construção civil
está crescendo", mas o aumento dos índices setoriais é reflexo do aumento dos salários no
país e não de uma pressão de
demanda.
Voltando a 1998
Na opinião de Zaidan, não há
um crescimento "explosivo"
que sustente um reajuste disseminado de preços. As altas, avalia, são localizadas e estão relacionadas a questões como pressões de custos em alguns ramos
que fornecem produtos à construção civil.
Por trás do crescimento da
construção civil no primeiro
trimestre, diz Zaidan, está o
próprio crescimento econômico que, neste ano, deve ser
maior, já que o ramo responde
a investimentos de outros setores e do governo. "O programa
tapa-buraco das estradas, por
exemplo, ajudou o PIB da construção", afirmou.
Maior volume de crédito à
habitação e o pacote de redução
dos preços de produtos básicos
da construção civil também são
fatores que explicam o maior
dinamismo do setor, dizem especialistas.
Bráulio Borges, economista
da LCA, afirma, no entanto, que
o setor, apesar da recuperação
no primeiro trimestre, voltou
apenas ao patamar de produção de 1998, já que nos últimos
anos sofreu com sucessivas crises.
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