São Paulo, sábado, 02 de junho de 2007

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Bolsa atinge US$ 1 tri em valor de mercado e supera 53 mil pontos

Com dados positivos nos EUA, Ibovespa sobe 2,21% e bate o 21º recorde do ano; dólar recua 0,99% e vai a R$ 1,906

Estima-se que o BC tenha comprado US$ 4 bi na semana para conter baixa da moeda dos EUA; risco-país cai a 139 pontos


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

EPAMINONDAS NETO
DA FOLHA ONLINE

A Bovespa atingiu ontem a marca histórica de US$ 1 trilhão em valor de mercado das empresas negociadas, patamar de capitalização inédito que só foi atingido por conta de dois fatores longamente esperados pelo mercado: o dólar desceu ontem à casa de R$ 1,906, menor valor desde 23 de outubro de 2000, e a Bolsa ultrapassou, pela primeira vez, os 53 mil pontos no Ibovespa.
Junho começou com forte otimismo nos mercados após um pacote de dados econômicos que animaram os investidores em todo o mundo. A geração de postos de trabalho quase dobrou nos EUA, mas isso não pressiona a inflação até o momento. A renda dos consumidor recuou, mas ainda sem impactar os gastos do consumidor norte-americano. Ou seja, os juros não devem subir e podem eventualmente cair no próximo semestre nos EUA.
No Brasil, a Bovespa subiu 2,21%, o que levou o Ibovespa a 53.422 pontos -o 21º recorde do ano. Nos EUA, a Bolsa de Nova York comemorou novos recordes dos índice Dow Jones e S&P 500, que subiram, respectivamente, 0,30% para 13.668,11 e 0,37% para 1.536,34 pontos.
"O governo americano divulgou números sobre postos de trabalho e renda, e o mercado gostou do que viu: inflação sob controle e mercado de trabalho vigoroso, uma combinação que faz as Bolsas subirem", disse André Borghesan, da corretora Souza Barros.
O Banco Central interveio por duas vezes para brecar a derrocada das taxas de câmbio. Vendeu papéis que trocam a variação cambial por juros e depois ainda comprou um volume expressivo, de cerca de US$ 1 bilhão, no mercado à vista. O resultado impediu que o dólar começasse junho abaixo de R$ 1,90. Estima-se que o BC tenha comprado cerca de US$ 4 bilhões nesta semana. No encerramento dos negócios ontem, a moeda terminou a R$ 1,906, com baixa de 0,99%.
Os recordes da Bolsa têm o efeito ambíguo de aumentar a apreensão dos investidores. Quanto mais sobe, mas crescem os temores de que possa corrigir com força -leia-se, cair bruscamente- em algum momento. No final de abril, analistas mencionavam maio como o mês histórico de baixa. Não foi isso o que aconteceu, e a Bovespa avançou 6,76%.
O economista-chefe da corretora Ativa, Arthur Carvalho, acredita que as projeções são tão otimistas que a economia real não vai crescer o suficiente para entregar os resultados esperados. "O mundo está muito líquido [com muito dinheiro disponível] e com muita riqueza. Em todas as economias, excesso de demanda tem uma conseqüência: aumento de preços", disse.
No mercado de títulos, o risco-país voltou para 139 pontos.


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