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Mercado reduz otimismo após alta de ações
Para analistas, sem novo impulso, Bovespa não deve manter ritmo forte de valorização que a levou a sucessivos recordes
Depois de aumentar sua liderança em relação aos principais mercados de ações do mundo, Brasil pode não ser mais "tão atraente"
DA BLOOMBERG
Analistas dos bancos Santander, Citigroup e Deutsche Bank
AG reduziram o otimismo com
relação às ações brasileiras
após o Ibovespa ter subido e alcançado seu recorde em maio.
Para esse grupo de estrategistas, o país pode não ser mais tão
"atraente" quanto já foi.
O Ibovespa, principal índice
de ações do Brasil, que apresentou o quinto melhor desempenho do mundo nos últimos três
meses, pode necessitar de estímulos adicionais para continuar avançando, segundo avalia o banco Santander.
O índice subiu 13,63% no
ano, após diminuírem as preocupações relacionadas à crise
nos EUA e depois de a agência
Standard & Poor's ter concedido ao país a classificação de
grau de investimento, em abril.
Em tese, a nota abre as portas
do país para investidores com
políticas conservadoras, como
grandes fundos de pensão norte-americanos, aplicarem em
papéis do governo e de empresas brasileiras.
Na comparação com os 20
maiores mercados de ações
mundiais, o Brasil aumentou
sua liderança em maio devido,
principalmente, aos preços recordes do minério de ferro brasileiro e ao aumento das estimativas de crescimento econômico do país. Na contramão do
Ibovespa, os índices Standard
& Poor's 500, dos Estados Unidos, Topix, do Japão, FTSE 100,
do Reino Unido, e CSI 300, da
China, recuaram neste ano.
No mês passado, o Ibovespa
saltou 5,8% e ocupou a terceira
posição entre todos os índices
mundiais. Ficou atrás apenas
da alta de duas Bolsas considerados menos expressivas -de
14% do índice Micex, da Rússia,
e da de 6,1% do índice Merval,
da Argentina.
Na quinta-feira, o Ibovespa
registrou uma das maiores quedas no mês de maio -recuou
mesmo após a agência Fitch
Ratings também ter elevado a
classificação de crédito do Brasil para o chamado grau de investimento na mesma data.
O anúncio de uma classificação recomendável para investimento por parte dessas agências, geralmente, marca o pico
de "médio prazo" para as ações
de um país, segundo o analista
Marcelo Audi, do Santander,
em nota enviada a clientes.
Há "uma crescente probabilidade de que a desaceleração
do crescimento, a alta das expectativas de inflação e a continuidade do arrocho monetário
prevalecerão" entre o segundo
e o terceiro trimestres deste
ano, levando a "um desenvolvimento potencialmente adverso
para o mercado de ações", afirmou o analista do Santander.
O Citigroup também disse,
em nota aos clientes, que está
adotando uma postura cautelosa com relação às ações brasileiras, enquanto que o Deutsche Bank recomendou um posicionamento "neutro" para os
papéis do país, citando as elevadas valorizações.
O Ibovespa provavelmente
vai "pairar" em torno dos 70
mil pontos, mantendo-se "vulnerável a momentos de fraqueza", afirmou Audi, em nota elaborada pelo Santander.
O índice, que fechou no nível
recorde de 73.516 pontos no dia
20 de maio, encerrou o pregão
de sexta com 72.592 pontos.
"O Brasil tem sido um mercado de ótimo desempenho por
um bom tempo. Mas agora,
quando olharmos ao redor do
mundo, provavelmente observaremos crescimentos de lucros e valorizações médias mais
interessantes", disse Deborah
Medenica, que administra US$
20 bilhões em ações de mercados emergentes na AIG Investments de Nova York. "Mas isso
não transforma o Brasil em um
mercado pouco atraente. Ele
apenas não está tão atraente
quanto já foi."
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