São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2008

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Mercado reduz otimismo após alta de ações

Para analistas, sem novo impulso, Bovespa não deve manter ritmo forte de valorização que a levou a sucessivos recordes

Depois de aumentar sua liderança em relação aos principais mercados de ações do mundo, Brasil pode não ser mais "tão atraente"


DA BLOOMBERG

Analistas dos bancos Santander, Citigroup e Deutsche Bank AG reduziram o otimismo com relação às ações brasileiras após o Ibovespa ter subido e alcançado seu recorde em maio. Para esse grupo de estrategistas, o país pode não ser mais tão "atraente" quanto já foi.
O Ibovespa, principal índice de ações do Brasil, que apresentou o quinto melhor desempenho do mundo nos últimos três meses, pode necessitar de estímulos adicionais para continuar avançando, segundo avalia o banco Santander.
O índice subiu 13,63% no ano, após diminuírem as preocupações relacionadas à crise nos EUA e depois de a agência Standard & Poor's ter concedido ao país a classificação de grau de investimento, em abril.
Em tese, a nota abre as portas do país para investidores com políticas conservadoras, como grandes fundos de pensão norte-americanos, aplicarem em papéis do governo e de empresas brasileiras.
Na comparação com os 20 maiores mercados de ações mundiais, o Brasil aumentou sua liderança em maio devido, principalmente, aos preços recordes do minério de ferro brasileiro e ao aumento das estimativas de crescimento econômico do país. Na contramão do Ibovespa, os índices Standard & Poor's 500, dos Estados Unidos, Topix, do Japão, FTSE 100, do Reino Unido, e CSI 300, da China, recuaram neste ano.
No mês passado, o Ibovespa saltou 5,8% e ocupou a terceira posição entre todos os índices mundiais. Ficou atrás apenas da alta de duas Bolsas considerados menos expressivas -de 14% do índice Micex, da Rússia, e da de 6,1% do índice Merval, da Argentina.
Na quinta-feira, o Ibovespa registrou uma das maiores quedas no mês de maio -recuou mesmo após a agência Fitch Ratings também ter elevado a classificação de crédito do Brasil para o chamado grau de investimento na mesma data.
O anúncio de uma classificação recomendável para investimento por parte dessas agências, geralmente, marca o pico de "médio prazo" para as ações de um país, segundo o analista Marcelo Audi, do Santander, em nota enviada a clientes.
Há "uma crescente probabilidade de que a desaceleração do crescimento, a alta das expectativas de inflação e a continuidade do arrocho monetário prevalecerão" entre o segundo e o terceiro trimestres deste ano, levando a "um desenvolvimento potencialmente adverso para o mercado de ações", afirmou o analista do Santander.
O Citigroup também disse, em nota aos clientes, que está adotando uma postura cautelosa com relação às ações brasileiras, enquanto que o Deutsche Bank recomendou um posicionamento "neutro" para os papéis do país, citando as elevadas valorizações.
O Ibovespa provavelmente vai "pairar" em torno dos 70 mil pontos, mantendo-se "vulnerável a momentos de fraqueza", afirmou Audi, em nota elaborada pelo Santander.
O índice, que fechou no nível recorde de 73.516 pontos no dia 20 de maio, encerrou o pregão de sexta com 72.592 pontos.
"O Brasil tem sido um mercado de ótimo desempenho por um bom tempo. Mas agora, quando olharmos ao redor do mundo, provavelmente observaremos crescimentos de lucros e valorizações médias mais interessantes", disse Deborah Medenica, que administra US$ 20 bilhões em ações de mercados emergentes na AIG Investments de Nova York. "Mas isso não transforma o Brasil em um mercado pouco atraente. Ele apenas não está tão atraente quanto já foi."


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