São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2008

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Mercado vê aumento de ao menos 0,5 ponto no juro

Copom decidirá taxa Selic, hoje em 11,75%, na 4ª feira

DA REPORTAGEM LOCAL

O grande evento da semana para o mercado brasileiro será a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), na quarta-feira. A expectativa do mercado é que a taxa básica de juros do país, que está em 11,75% anuais, volte a ser elevada.
Para a Bolsa, juros em alta nunca é algo animador.
Com as recentes pressões inflacionárias, o mercado subiu sua previsão para a taxa básica Selic em dezembro, para 13,50%. Ou seja, espera-se que o ciclo de alta da Selic prossiga pelos próximos meses.
A previsão predominante entre analistas e investidores é que a taxa Selic seja aumentada em 0,5 ponto percentual, para 12,25%. Qualquer decisão diferente dessa, para acima ou para baixo, irá mexer com os ânimos do mercado.
Em tese, em um cenário de juros em alta como o atual, os investidores ficam mais tentados a trocarem as aplicações em ações por investimentos de renda fixa, que acompanham as taxas de juros.
"Na semana teremos o Copom por aqui e a determinação da nova taxa Selic. Nossa expectativa é que a alta deva ser de 0,50 ponto, uma vez que o BC já sinalizou sua intenção de continuar com um pulso firme contra a inflação", diz Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Gradual Corretora.
Nos Estados Unidos, diferentes dados econômicos vão dar o tom dos negócios no mercado nos próximos dias.
A semana começa com a divulgação, hoje, dos gastos dos americanos com construção civil, além da apresentação do índice de atividade industrial medido pelo instituto ISM.
Na quarta-feira, o mesmo ISM vai apresentar o índice que mede o desempenho do setor de serviços -importante sinalizador do ritmo em que anda a maior economia do mundo.
Nesse dia, será ainda mais relevante a divulgação dos estoques de petróleo e derivados nos EUA. Isso porque o barril de petróleo está em nível elevado, chegou a superar a barreira dos US$ 130 há pouco tempo.
E petróleo em nível elevado representa maior risco de pressão inflacionária nos EUA, o que poderia levar o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) a subir os juros.
A gasolina já acumula elevação de 30% nos EUA em 2008, segundo a associação automotiva. O petróleo encerrou a sexta-feira negociado a US$ 127,35 no mercado de Nova York, com alta mensal de 12,24%.
"Alguns indicadores americanos devem trazer volatilidade, com destaque para os ISM e o "payroll" [folha de pagamento], indicador mais importante da semana, que vai ser divulgado na sexta-feira", diz Júlio Martins, diretor da Prosper Gestão de Recursos.
Esses dados são relevantes por trazerem indicações de como anda a enfraquecida economia norte-americana.
"De qualquer forma, acreditamos que nenhum desses indicadores deva inverter a tendência positiva da Bolsa", diz.
No mês de maio, a Bovespa se valorizou em 6,96%. Se o Copom (que é formado pelos diretores e o presidente do Banco Central) surpreender e subir a taxa Selic de forma mais pesada que o esperado, a Bolsa pode ter uma reação negativa.
O Copom anunciará a decisão na noite de quarta-feira.
"Esperamos alta de 0,50 ponto percentual nesse Copom. Quanto à magnitude do ajuste, as recorrentes surpresas no campo inflacionário e os sinais divergentes no campo da atividade econômica doméstica contribuem para expectativas de um ciclo de aperto monetário mais extenso do que o inicialmente esperado", diz Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra.


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