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CRISE NO AR
Assim como a Varig, empresa recorre à recuperação judicial; comissão pede afastamento definitivo de Canhedo
Sob intervenção, Vasp quer Lei de Falências
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Vasp, que está sob intervenção desde março deste ano, seguiu o exemplo da Varig e pediu
ontem à Justiça do Estado de São
Paulo o direito de passar por recuperação judicial. A medida substituiu a concordata na nova Lei de
Falências, que entrou em vigor no
último dia 9.
O pedido foi feito pela comissão
de intervenção da aérea, depois
que uma assembléia com cerca de
cem funcionários da empresa deliberou favoravelmente à medida,
por volta das 10h de ontem.
"Foi o único remédio que encontramos, não houve alternativa", disse Reginaldo Alves de Souza, interventor interino da Vasp.
No processo, que será julgado
pelo juiz da 1ª Vara Especial de
Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, Alexandre Alves Lazzarini, também foi solicitado o afastamento definitivo da
atual diretoria da empresa, presidida por Wagner Canhedo, controlador do capital da aérea.
A administração de Canhedo é
chamada de "catastrófica" pela
petição inicial do processo. O documento diz ainda que, após a
privatização da empresa, adquirida pelo grupo Canhedo em 1990,
"passou-se a assistir ao seu desmonte, à negação de sua vocação,
a um dos maiores exemplos mundiais de aviltamento".
O grupo Canhedo afirmou, em
nota, que soube da ação pela imprensa e que "relembra que acha-se afastado da gestão da empresa
[desde março, por ordem da Justiça do Trabalho de São Paulo] e
não pretende, em conseqüência,
manifestar-se". O grupo diz que
"continua trabalhando arduamente, sempre no sentido de colaborar com as autoridades governamentais, cumprindo, estritamente, toda e qualquer medida
estabelecida pela legislação".
Na segunda-feira, está marcada
manifestação dos trabalhadores
da Vasp às 11h30 no Fórum João
Mendes (centro de São Paulo) para exigir que a Justiça aceite o pedido de recuperação.
Bastidores
A petição de recuperação judicial da Vasp estava pronta desde o
dia 10 de junho. Nesta semana,
com a expectativa de uma "enxurrada" de pedidos de falência contra a empresa e com rumores de
que o próprio Wagner Canhedo
já contratara advogados para pedir a recuperação judicial, a comissão de intervenção optou por
se antecipar e ajuizar o pedido.
Antes, foi ouvido o juiz da 14ª
vara trabalhista de São Paulo, Homero Batista, que homologou o
acordo em que Canhedo reconheceu o passivo da Vasp com seus
empregados. Segundo a comissão, o juiz concordou que esse era
o único caminho para a Vasp.
Na prática, muitas dúvidas jurídicas se levantam. A primeira delas é se uma empresa sob intervenção e com as atividades interrompidas pode se beneficiar da
recuperação. Outra se refere à legitimidade da comissão interventora para fazer o pedido. Entre os
especialistas em direito, há quem
diga que a medida pode não ser
aceita por uma questão meramente processual, ou seja, porque
quem pediu não podia pedir.
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