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Genebra vê fracasso em negociação comercial
G-8 pode discutir tema na reunião da Rússia na semana que vem
Sem acordo, encontro da OMC acaba um dia antes; alternativa foi deixar Lamy negociar individualmente com os países-membros
SHEILA D"AMORIM
ENVIADA ESPECIAL A GENEBRA
Com o fracasso das negociações esta semana na sede da
OMC (Organização Mundial do
Comércio), em Genebra, a promessa assinada, em 2001, pelos
EUA, União Européia (UE) e
países em desenvolvimento de
corrigir distorções no comércio
internacional de produtos agrícolas e aumentar o acesso aos
mercados como forma de estimular o desenvolvimento, sobretudo de economias mais pobres, pode ser definitivamente
enterrada.
Depois de quatro dias de reuniões formais e informais, os
representante dos 149 países
da organização tentam encontrar uma saída honrosa para essa pauta de negociação, que ficou conhecida como rodada de
Doha. A alternativa encontrada
foi deixar o diretor-geral da
OMC, Pascal Lamy, negociar
individualmente com os países
nas próximas semanas para ver
até onde cada um pode ceder.
Nesse meio tempo, o encontro presidencial dos sete países
mais industrializados e a Rússia (G-8), previsto para semana
que vem em São Petersburgo,
pode servir de palco para uma
reunião paralela também sobre
comércio. A expectativa dos defensores de economias envolvidas na rodada de Doha estarão
na mesma cidade para tentar
obter uma sinalização política
de que novas propostas serão
feitas.
Em Genebra, o único consenso após os encontros da última
semana foi que não adiantava
mais nada manter os debates
em grupo porque o impasse estava estabelecido. Diante da inflexibilidade dos norte-americanos as chances de avanços
eram nulas. Por isso, a negociação foi encerrada um dia antes
do previsto e, ontem, cada país
tentava empurrar a culpa para
o outro.
"Estamos numa crise e temos que admitir isso. É uma
crise, mas não estamos em pânico", assegurou Lamy após
mais um dia de reuniões. Segundo ele, não haverá alteração
nas linhas centrais das discussões que visam reduzir os subsídios agrícolas e eliminar barreiras comerciais. "O plano de
construir nosso edifício está
mantido, mas é preciso mais
pedra e areia".
Os EUA, ao contrário do que
aconteceu no encontro de
Hong Kong, em dezembro do
ano passado, ficaram com o papel do vilão. Isso porque, a UE
logo na abertura dos trabalhos
sinalizou que poderia se aproximar da proposta feita pelos
países em desenvolvimentos,
liderados pelo Brasil e a Índia e
agrupados no G-20. Eles querem um corte médio das tarifas
de importação de produtos
agrícolas de 54%.
Os americanos, porém, não
avançaram na proposta feita
em 2005 de corte nos subsídios
concedidos aos agricultores.
Susan Schwab, que estava estreando na função de negociadora americana, disse que não
viu progressos e que "até haver
avanços, não cumpriremos as
nossas promessas". Para o ministro das Relações Exteriores
do Brasil, Celso Amorim, ficou
claro que Schwab não tinha autorização da Casa Branca para
fazer uma nova proposta.
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