São Paulo, quarta-feira, 02 de julho de 2008

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Alta de preços não é culpa da política econômica, diz Mantega

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em exposição reservada aos líderes dos partidos aliados no Congresso, o ministro Guido Mantega (Fazenda) afastou a responsabilidade da política econômica na escalada dos preços e prometeu que "o combate à inflação não interromperá o ciclo de crescimento" do Produto Interno Bruto.
No diagnóstico apresentado pelo ministro, um conhecido vilão de crises anteriores foi ressuscitado para levar a maior parte da culpa pela alta dos alimentos, do petróleo e do aço: os especuladores, que também atuam no mercado de commodities. "Os especuladores querem inflação alta; não permitiremos", dizia o texto exibido em forma de slides aos parlamentares, obtido pela Folha.
A Fazenda não menciona o aumento dos gastos públicos nem a escalada do déficit nas transações de bens e serviços com o exterior, dois indicadores de mais consumo no governo e no setor privado -o que ajuda a reforçar as pressões inflacionárias. Ao contrário, afirma-se: "Inflação atual é diferente do passado [sic] que era causada por desequilíbrios e déficit público".
O tom do documento ajuda a ilustrar as divergências na equipe econômica do final do ano passado para cá, quando ficaram evidentes a aceleração da alta dos preços e o buraco nas contas externas do país.
Enquanto o Banco Central preferiu elevar os juros, a equipe de Mantega priorizou uma proposta de criação de um fundo para combater a sobrevalorização da moeda nacional.
No primeiro caso, o medida do BC tira oxigênio da inflação, mas tende a sacrificar o crescimento econômico e a piorar as contas externas, porque juros altos atraem capital externo especulativo que tornam o dólar ainda mais barato.
Já a Fazenda, com seu fundo soberano, quer aumentar a demanda pela moeda norte-americana, o que encareceria os produtos importados e pressionaria a inflação. "A inflação sobe, mas está sob controle", afirma o texto de ontem. Segundo relato de presentes que pediram anonimato, Mantega previu, na reunião, que o IPCA fechará o ano dentro do teto permitido de 6,5% -dois pontos percentuais acima da meta perseguida pelo BC.
Na tarefa de arbitrar entre as duas visões de sua equipe, o presidente Lula tem apontado a inflação como a principal preocupação imediata do governo. (MCC, GP e VC)


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