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BNDES pune empresa acusada de "maquiar" equipamento chinês
Segundo o banco, fabricante Nardini vendeu
máquina importada como nacional; empresa nega
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A fabricante de máquinas
Nardini, sediada em Americana
(São Paulo), está impedida de
recorrer ao BNDES. O banco
decidiu descredenciá-la depois
de ter constatado que a empresa importou máquinas da China e de Taiwan e as vendeu no
mercado brasileiro como produto nacional.
A decisão foi tomada após
inspeção na empresa feita por
técnicos do banco. As investigações duraram cerca de seis
meses, e começaram após denúncias recebidas pelo banco.
A Nardini era cadastrada na
linha Finame, que financia a
produção e a comercialização
de máquinas e equipamentos,
desde que realizadas integralmente no Brasil. Para se habilitar, a empresa deve se comprometer a adquirir, no Brasil, pelo
menos 60% dos itens usados.
A empresa produz tornos,
máquinas usadas por diversos
segmentos da indústria -automobilística, naval, de aviação,
entre outras- para a fabricação
de peças específicas.
A Folha entrou em contato
com a empresa, mas ninguém
retornou a ligação. Ao jornal
"Valor Econômico", o presidente da empresa, Renato
Franchi, negou a acusação, alegando que, por ter cerca de mil
funcionários, não precisaria recorrer a tal prática. E que as
importações limitam-se a itens
eletrônicos não fabricados no
país, o que não comprometeria
o limite imposto pelo BNDES.
Já o presidente do Sindicato
de Metalúrgicos de Campinas e
Região, Jair dos Santos, afirma
que a mesma queixa que levou
o BNDES a descredenciar a
empresa já havia chegado a ele
por meio dos trabalhadores.
"Ouvimos esses relatos desde o início de 2008. A Nardini é
uma empresa com nome e representatividade e, por isso,
tem uma boa participação de
mercado. Não precisa dessa
prática para sobreviver."
Segundo Santos, estão sendo
importados tornos convencionais e furadeiras. Em suas contas, a Nardini emprega cerca de
700 pessoas, e não 1.000, como
declarou a empresa.
A informação de que a Nardini, uma das principais associadas da Abimaq, foi flagrada maqueando equipamento chinês
para vender no Brasil incomodou a associação. Sempre pronta a se pronunciar contra a invasão chinesa no mercado brasileiro, a Abimaq ontem preferiu o silêncio.
Numa nota curta, a entidade
disse apenas que pretende conversar com as autoridades sobre o caso antes de qualquer
pronunciamento. "Quanto ao
caso Nardini, a Abimaq está
conversando com os órgãos envolvidos e, neste momento, não
irá se pronunciar", respondeu a
um pedido da Folha.
O caso pode criar um embaraço para a associação. A Abimaq tem hoje a delegação do
governo para emitir laudos
usados na concessão ou não de
benefícios fiscais para a importação de máquinas. A entidade
informa ao governo sobre a
existência ou não de um determinado tipo de máquina que
tenha pedido de importação.
Caso a mesma máquina seja
produzida no Brasil, o governo
pode negar a concessão de ex-tarifário. Em geral, os laudos da
Abimaq são acatados pelo governo.
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