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QUAL É A MELHOR?
Brahma e Antarctica é algo como Corinthians e Palmeiras: cada um na sua; misturar, jamais
Disputa está no imaginário popular
LUIZ CAVERSAN
Diretor da Sucursal do Rio
O chope da Brahma é melhor
que o da Antarctica, mas a cerveja desta é muito melhor que a daquela. Ou será o contrário?
Para os consumidores mais fanáticos da combinação dourada
de cevada, lúpulo e água, Brahma
e Antarctica é alguma coisa como
Corinthians e Palmeiras, Flamengo e Fluminense, Grêmio e
Internacional, Bahia e Vitória:
cada um na sua, misturar jamais.
Claro que, assim como há gosto
para São Paulo, Santos, Vasco ou
Juventude, existe mercado para
diversas outras marcas de cerveja, claras, escuras, "lights", importadas ou artesanais.
Mas o fato é que a rivalidade, o
antagonismo entre as duas principais marcas brasileiras há décadas fazem parte do imaginário
popular, a rigor desde que a propaganda começou a se massificar
no país, a partir dos anos 50/60.
Tempos em que o pinguim e a
faixa azul do rótulo da Antarctica
já separavam adeptos da cervejaria paulista dos que preferiam o
outro rótulo, aquele com a caneca espumante da popular Brahma Chopp.
A eterna disputa entre as duas
marcas extrapolou, ao longo dos
anos, o campo puramente "cervejístico". Faz parte do folclore
do futebol, por meio de uma frase atribuída ao não menos folclórico Vicente Matheus, que nos
anos 70 teria declarado, durante
a comemoração de mais um título conquistado pelo seu Corinthians: "Quero agradecer à Antarctica pelas Brahmas que ela
mandou aqui pra gente".
Já nos anos 90, quando a disputa publicitária entre as cervejas
tomou ares de batalha campal
-foi chamada mesmo de "guerra das cervejas"-, as agências
responsáveis pela imagem de cada uma das marcas disputavam
copo a copo o mercado nacional.
Tanto que "efeito Brahma-Antarctica" passou a ser jargão no
meio empresarial e até mesmo
no jornalístico, justamente para
classificar concorrência acirrada,
na qual uma ação sempre correspondia a uma reação semelhante, numa cadeia interminável de
campanhas, filmes, outdoors,
promoções e eventos.
Carnaval
Em 1992, a "guerra" chegou até
o Carnaval do Rio. Naquele ano,
a Antarctica resolveu enfrentar a
hegemonia da Brahma, que mantinha um luxuoso camarote para
recepcionar famosos no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. O
camarote da Brahma até hoje é
favorecido pelo fato de a fábrica
carioca da cerveja encontrar-se
colada ao Sambódromo.
Mas o que a Antarctica montou
do outro lado da avenida do samba não fez feio e conquistou admiradores e, principalmente, a
mídia. No ano seguinte, a "guerra" transferiu-se para o Carnaval
de Salvador, e até hoje não se sabe quem ganhou a disputa dos
camarotes no Rio. Durante anos
e até ontem, cada marca puxou a
serpentina para o seu lado. Com
a fusão das cervejarias, a dúvida
deve ser sepultada para sempre.
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