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TRIBUTAÇÃO
Tribunal decide que telefonia, energia e mineração devem pagar contribuição; dúvida é sobre repasse em tarifas
Governo ganha no Supremo ação da Cofins
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
O governo obteve ontem vitória
judicial que vai assegurar arrecadação anual de R$ 4 bilhões com o
pagamento da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) pelas empresas dos
setores de energia elétrica, telecomunicações, mineração, combustíveis e derivados de petróleo.
Essa vitória foi garantida no STF
(Supremo Tribunal Federal) em
um julgamento que atingiu diretamente quatro empresas, mas que
servirá de referência para inúmeros processos judiciais pendentes.
Houve 7 votos favoráveis ao governo e 3 contrários.
As empresas sustentavam que
não deveriam recolher a Cofins,
correspondente a 3% do faturamento, porque a Constituição (artigo 155, parágrafo 3º) assegura
imunidade tributária para esses setores.
A maioria dos ministros considerou que essa imunidade abrangia impostos e não contribuições,
conforme argumentou a Procuradoria da Fazenda Nacional.
O ministro Moreira Alves, que liderou os votos contrários ao governo, afirmou que o recolhimento da Cofins poderá implicar o aumento das tarifas em razão de
eventual transferência de custos.
Ele também destacou que esses
setores -monopolistas e ex-monopolistas- dispunham de imunidade por serem vitais para a economia do país.
Caso fosse derrotado, o governo
teria despesa de R$ 35,6 bilhões,
recolhido no passado por estatais
que não foram à Justiça, além de
não haver aumento na arrecadação anual.
Esse valor corresponde a pouco
mais do que a economia que o governo pretende obter neste ano para o pagamento de juros da dívida,
conforme compromisso firmado
com o FMI.
Essa despesa surgiria porque os
compradores das ex-estatais dos
setores de telecomunicações e
energia elétrica, que pagaram regularmente a contribuição até o
momento da venda, cobrariam a
devolução do dinheiro.
O montante foi apurado pela Receita Federal, mês a mês, a partir de
janeiro de 1989, incluindo o PIS,
que tem a mesma base de cálculo, e
o extinto Finsocial (substituído pela Cofins).
O governo quer não apenas assegurar o recolhimento da contribuição a partir de agora, como
também garantir o pagamento retroativo, desde o momento em que
cada empresa obtiver liminar.
A decisão do STF deverá gerar
uma receita de R$ 5 bilhões, conforme estimativa preliminar da
Receita Federal. Desse total, R$ 800
milhões já estão depositados em
juízo.
O aumento da arrecadação não
será imediato. A Procuradoria da
Fazenda Nacional terá de aguardar
o encerramento de cada processo
que corre no Judiciário para cobrar a Cofins da empresa que moveu a ação.
O STF julgou ontem quatro recursos que atingiram diretamente
as seguintes empresas: Calcoagro
Comércio de Calcários (PR), Mineração Novo Astro (DF), Destilaria Outeiro e Posto Frei Damião
(RN).
Três dessas empresas tinham obtido vitória na segunda instância
-em um dos cinco tribunais regionais federais do país.
Tarifas
O governo quer evitar que a decisão do STF implique reajuste das
tarifas públicas.
A Agência Nacional de Energia
Elétrica anunciou ontem que o
reajuste médio de 11,32% concedido no último dia 9 já embutia os
custos representados pela cobrança da contribuição.
Para o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações), as empresas
de telefonia estão proibidas pela
Anatel de repassar para as tarifas
qualquer aumento relativo ao recolhimento da Cofins.
No mês passado, as tarifas de telefonia fixa sofreram um reajuste
médio de 6,57%.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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