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REGULAÇÃO
Lei que deverá reger agências recebe críticas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Empresários, consultores e dirigentes de agências reguladoras,
reunidos ontem na CNI (Confederação Nacional da Indústria),
criticaram o projeto do governo
que modifica a forma de funcionamento dessas agências, além da
relação desses órgãos com o governo federal.
A CNI divulgou estudo no qual
faz sugestões para a melhoria do
texto que está sendo analisado pela Câmara. A intenção do governo
é votar o projeto ainda este ano,
depois das eleições municipais de
outubro.
Entre os pontos mais criticados
estão o contrato de gestão e a retirada do poder das agências de
realizar outorgas de serviço público (leilões ou licitações). Esse poder, de acordo com o projeto, passa para os ministérios. Já o contrato de gestão deverá ser assinado
entre a agência e o ministério da
área, com metas a serem cumpridas pela agência. O descumprimento dessas metas poderia significar mais contingenciamento
de recursos.
Para o presidente da CNI, deputado Armando Monteiro Neto
(PTB-PE), o contrato de gestão
precisa ser substituído por outra
forma de controle. "Temo que o
contrato de gestão possa levar à
ingerência indevida nas atividades das agências", disse.
"O contrato de gestão fragiliza
as agências", disse José Mário Abdo, diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Segundo ele, esse sistema seria
uma forma de contingenciamento prévio de recursos. O economista Gesner Oliveira, ex-presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e
um dos autores do estudo distribuído pela CNI, disse que o projeto não é "pró-investidor" e que
cria "controles excessivos".
Em relação à retirada do poder
de fazer licitações das agências e
sua passagem para os ministérios,
Monteiro Neto disse que "pode
significar maior ingerência política no processo de concessão".
Entre as outras sugestões feitas
pela CNI estão o estabelecimento
de um mandato para o ouvidor
das agências, para evitar que ele
atue de forma política; mais autonomia financeira para as agências
e a criação de um foro especial para questões regulatórias.
Em entrevista coletiva após sua
participação no evento, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, defendeu o projeto do governo e o contrato de gestão.
"O contrato de gestão, por si
mesmo, é um avanço, de planejamento, de controle, um avanço
técnico", disse. "O problema é
avaliar se há uma interferência na
independência das agências. A
nossa avaliação é que não há",
afirmou.
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