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LUÍS NASSIF
O salto
do gás
Embora na Casa Civil, a
ministra Dilma Rousseff
continua com o coração na
energia. Na sua posse, na Casa
Civil, recebeu a incumbência
de trabalhar duas prioridades:
a logística e avançar na área
energética.
Sua visão é a de que a prospecção de petróleo no país está
prestes a uma segunda revolução tecnológica. A primeira foi
o investimento em tecnologia
de águas profundas. Agora, será a vez do investimento no refino de petróleo extra-pesado.
O Brasil tem enormes reservas desse petróleo, vendido por
preço cerca de 15% abaixo do
petróleo leve. Com investimentos programados pela iniciativa privada e pela Petrobras e
com os avanços da tecnologia,
em breve o país conseguirá refinar esse petróleo pesado.
Também poderá explorar as
jazidas do Orinoco.
A crise de petróleo não apenas abre possibilidades nessa
frente como na produção do
biocombustível. A Petrobras
foi estimulada pelo presidente
da República a investir pesadamente no setor, especialmente no desenvolvimento de
tecnologias que permitam, em
breve, a certificação dos novos
combustíveis.
Mas não apenas por isso. Depois de anos de disputas e fragmentação, a petroquímica
brasileira conseguiu chegar ao
melhor modelo, diz Dilma,
conciliando a competição interna com a visão corporativa
de expansão do investimento
associado.
Mas sua aposta maior é no
gás. O último plano de investimento da Petrobras prevê R$
16 bilhões para montar um sistema nacional de gás. Parte
desses recursos será aplicada
no gasoduto Gasene, com 1.337
quilômetros e capacidade inicial de 20 milhões de metros
cúbicos ao dia, ligando Fortaleza a Porto Alegre. Lá, haverá
investimentos permitindo
criar uma ligação com a Bolívia e, dali, com a Argentina.
Ao mesmo tempo, permitirá
incluir o gás do Espírito Santo
e de Santos. Até 2010, a produção nacional poderá saltar para 60 milhões de metros cúbicos ao dia.
Um dos pontos desse plano
será a conversão das termoelétricas atuais em bicombustível.
As termoelétricas têm um papel meramente complementar.
São acionadas apenas em caso
de necessidade. Por isso mesmo, fora dos períodos de crise,
sua receita consiste na venda
de seus estoques de gás. Com o
bicombustível, haverá maior
tranqüilidade das termoelétricas para disponibilizar seu gás.
No próximo leilão de energia, aliás, a idéia do governo
será licitar não a produção,
mas a capacidade de produção. Ou seja, cria-se uma reserva técnica para complementar
o projeto hidrelétrico, garante-se o equilíbrio financeiro, mas
paga-se apenas quando houver necessidade de utilizar sua
produção.
A diferença em relação a outros momentos, diz Dilma, é
que primeiro se cuidou de garantir os recursos e de trabalhar todos os pontos que poderiam criar dificuldades futuras
-como entender, antecipadamente, as exigências do TCU
(Tribunal de Contas da
União), antes de montar os
editais. Agora, há recursos,
cronogramas e prazos. Por
conta disso, ela afasta o receio
de que possa aparecer uma nova crise energética no meio do
caminho.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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