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LINHAS CRUZADAS
Subsetor de Comunicações tem queda de 1,7% no 2º tri, sob influência do menor número de chamada interurbana
Ligação via internet tira peso de teles no PIB
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO
Menos conversa por telefone fixo entre pessoas de diferentes cidades foi a principal causa para a
redução de 1,7% no subsetor de
Comunicações no segundo trimestre deste ano, de acordo com
os dados do PIB (Produto Interno
Bruto) divulgados anteontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Os números do IBGE, referentes
à variação em relação ao segundo
trimestre do ano passado, mostram uma queda de 19% em minutos de interurbanos nacionais
originados de telefones fixos.
Um exemplo é a concessionária
Brasil Telecom -que atua no Sul,
no Centro-Oeste e nos Estados do
Acre e de Rondônia. O tráfego de
longa distância em minutos no segundo trimestre de 2005 foi 17,6%
inferior ao do segundo trimestre
do ano passado.
Nem o crescimento de 12% na
telefonia móvel (celular), segundo
o IBGE, compensou a perda gerada pelas ligações de longa distância nacional. De acordo com informações da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações),
no primeiro semestre deste ano
foram habilitados 9,9 milhões de
novos acessos móveis, um crescimento de 29,42% em relação ao
primeiro semestre de 2004.
"Apesar do peso crescente da telefonia móvel no país, a telefonia
fixa ainda tem uma participação
importante, em torno de 65%. Assim, qualquer mudança nesse
item gera um impacto grande no
setor", explica a gerente de Contas
Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Entre os subsetores de Serviços
-que teve expansão de 2,5% no
período-, o de Comunicações
foi o único que registrou queda.
As reduções também foram percebidas nas comparações do primeiro semestre deste ano com
igual período de 2004 (-2,3%) e
dos últimos 12 meses com os 12
meses anteriores (-1,5%).
A curva descendente no subsetor de Comunicações é um processo que vem ocorrendo no país
desde o fim de 2003, de acordo
com o IBGE. Palis lembra que, antes disso, havia um crescimento a
taxas muito altas, superiores às do
PIB, sobretudo por causa das privatizações desde 1998. "Mas sabíamos que em algum momento
as taxas se estabilizariam."
O analista de telecomunicações
do Banco Brascan Felipe Cunha
destaca que uma nova tecnologia,
a voz sobre IP (VoIP, voice over
internet protocol, em inglês), vem
afetando o tráfego nas ligações telefônicas de longa distância nacional. Trata-se de um modo em
que é possível conversar, sem limite de tempo, com pessoas em
outras cidades e países. Para tal,
são necessários basicamente um
computador com acesso à internet em banda larga.
"O número de minutos faturados em longa distância por linha
em serviço também deverá sofrer
redução nos próximos períodos",
projeta Cunha. Ele acrescenta que
diversas empresas com abrangência nacional vêm interligando
suas sedes e filiais por meio de redes de dados para trafegar voz, diminuindo os desembolsos com
telefonia de longa distância.
Além disso, ressalta Cunha, a
competitividade entre as empresas nesse nicho também deve se
manter elevada, com tarifas e pacotes promocionais.
Retomada
Divulgados anteontem pelo IBGE, os dados do PIB mostram que
o país cresceu 1,4% no segundo
trimestre em relação ao início do
ano (quando a expansão havia sido de 0,4%). A indústria foi destaque, com crescimento de 3%, ao
lado dos investimentos (4,5%). O
consumo das famílias também se
recuperou, com alta de 0,9%.
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