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DESABAFO
Vera Borges afirma que vaga foi dada a pessoa com menos qualificação
Ganhou a loira magra, diz candidata
DA REPORTAGEM LOCAL
Vera Lúcia dos Santos Borges,
24, tentou uma vaga no Carrefour porque queria obter um
emprego com carteira assinada.
Até hoje, trabalhou apenas informalmente. Diz que teme perder chances de futuros trabalhos porque "abriu a boca". A
seguir, trechos da conversa.
Folha - Por que você acredita
que teria sido discriminada?
Vera Lúcia dos Santos Borges -
Pela forma preconceituosa como me trataram. Depois que os
testes de seleção acabaram, esperei para perguntar para a psicóloga a razão de não ter passado. Então fiquei esperando numa fila pequena a minha vez para saber a verdade. Das dez pessoas que fizeram o teste, seis não
conseguiram passar, sendo que
três eram gordinhas, duas eram
negras e uma tinha vitiligo.
Quem passou foi a bonita, loira
e magra, que nem tinha curso de
computação como eu.
Folha - O que a empresa alegou
na época?
Borges - Disse que o problema
era a cadeira "disfuncional".
Usaram essa palavra. Se a cadeira tem problema, dará dores nas
costas de magro também. Então
perguntei para a psicóloga se
gordinho não vai agora poder
trabalhar. Ela não me respondeu. Só deu de ombros.
Folha - Por que você recorreu à
Justiça?
Borges - Olha, dizer na minha
cara que sou gordinha e por isso
não consegui um emprego é demais. Fiquei arrasada. Comecei
a comer de raiva e depois emagreci. Pesava 72 quilos na época.
Agora estou com 69 quilos porque entrei num regime. Psicóloga tem de tratar dos outros, e
não colocar mais trauma na cabeça da gente.
Posso até perder a chance de
emprego lá na frente, mas pelo
menos eu fiz algo.
(AM)
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