São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2005

Texto Anterior | Índice

DESABAFO

Vera Borges afirma que vaga foi dada a pessoa com menos qualificação

Ganhou a loira magra, diz candidata

DA REPORTAGEM LOCAL

Vera Lúcia dos Santos Borges, 24, tentou uma vaga no Carrefour porque queria obter um emprego com carteira assinada. Até hoje, trabalhou apenas informalmente. Diz que teme perder chances de futuros trabalhos porque "abriu a boca". A seguir, trechos da conversa.
 

Folha - Por que você acredita que teria sido discriminada?
Vera Lúcia dos Santos Borges -
Pela forma preconceituosa como me trataram. Depois que os testes de seleção acabaram, esperei para perguntar para a psicóloga a razão de não ter passado. Então fiquei esperando numa fila pequena a minha vez para saber a verdade. Das dez pessoas que fizeram o teste, seis não conseguiram passar, sendo que três eram gordinhas, duas eram negras e uma tinha vitiligo. Quem passou foi a bonita, loira e magra, que nem tinha curso de computação como eu.

Folha - O que a empresa alegou na época?
Borges -
Disse que o problema era a cadeira "disfuncional". Usaram essa palavra. Se a cadeira tem problema, dará dores nas costas de magro também. Então perguntei para a psicóloga se gordinho não vai agora poder trabalhar. Ela não me respondeu. Só deu de ombros.

Folha - Por que você recorreu à Justiça?
Borges -
Olha, dizer na minha cara que sou gordinha e por isso não consegui um emprego é demais. Fiquei arrasada. Comecei a comer de raiva e depois emagreci. Pesava 72 quilos na época. Agora estou com 69 quilos porque entrei num regime. Psicóloga tem de tratar dos outros, e não colocar mais trauma na cabeça da gente.
Posso até perder a chance de emprego lá na frente, mas pelo menos eu fiz algo. (AM)


Texto Anterior: Outro lado: Rede afirma não privilegiar atributos físicos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.