São Paulo, sábado, 02 de setembro de 2006

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Venda do comércio sobe, mas setor não comemora

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os primeiros dados sobre desempenho do mercado interno em agosto mostram números positivos, mas eles não convencem os especialistas.
A Associação Comercial de São Paulo informou ontem que as vendas a prazo na capital (medidas pelo SCPC) subiram 2,9% no mês passado em relação ao mesmo período de 2005. Foi o melhor agosto da história. Quanto a venda à vista (medida pelo sistema Usecheque), a alta foi de 5,7% -novamente, o melhor agosto da história para essa categoria também.
"Os meses vêm batendo recordes em relação aos anos anteriores, mas isso não quer dizer que o desempenho é comemorável", diz Marcel Solimeo. "Havia uma expectativa de alta em torno de 4% no mês e ela não se concretizou. Crescemos pouco em agosto, quando houve inclusive as vendas de Dia dos Pais", diz ele.
Os últimos resultados, dos meses passados, aquém do esperado fizeram a associação rever a sua estimativa de vendas para 2006. A ACSP já comentava sobre a possibilidade de reconsiderar a sua previsão, mas, oficialmente, trabalhava com uma perspectiva de expansão de 5% no ano. "Agora, acreditamos que a alta deva ficar em 4%", diz Solimeo.
O que existe é uma série de contradições no mercado, com comportamentos díspares no varejo. Como informado ontem, pelos dados do PIB, existiam segmentos no mercado doméstico que estavam com vendas aquecidas no primeiro semestre. Eram varejo de eletroeletrônicos e revendas de carros, por exemplo. No segundo semestre, houve mudanças.
A venda dos supermercados e do varejo de alimentos, em geral, melhorou. Mas a situação é a mesma: apenas um seleto grupo de segmentos do varejo registra resultados positivos -com elevação de até dois dígitos das vendas.
Na análise de entidades como a Fecomercio SP e a ACSP, há uma expansão real na renda neste ano, que tem dado fôlego para o consumo de certos itens. Tanto que o índice do IBGE sobre o volume de vendas do comércio no país mostra desempenhos positivos. A alta média nas vendas (em volume) de janeiro a junho foi de 5,7%.
O rendimento médio real da população (em seis regiões metropolitanas) passou de R$ 995 em julho de 2005 para R$ 1.028 no mesmo mês deste ano, segundo o instituto.
No entanto, isso não tem sido o bastante para aquecer as vendas dentro das previsões passadas de expansão. "Até julho, o faturamento real das lojas na região metropolitana de São Paulo subiu 3,3% em relação a 2005. Esse discreto aumento continua a ser sustentado basicamente pela oferta de crédito", conta Altamiro Carvalho, assessor da Fecomercio SP.
Para ele, o grau de endividamento dos consumidores, que permanece elevado por conta das altas taxas de juros pagas em compras no ano passado, é obstáculo para um crescimento mais robusto nas vendas.


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