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Venda do comércio sobe, mas setor não comemora
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os primeiros dados sobre desempenho do mercado interno
em agosto mostram números
positivos, mas eles não convencem os especialistas.
A Associação Comercial de
São Paulo informou ontem que
as vendas a prazo na capital
(medidas pelo SCPC) subiram
2,9% no mês passado em relação ao mesmo período de 2005.
Foi o melhor agosto da história.
Quanto a venda à vista (medida
pelo sistema Usecheque), a alta
foi de 5,7% -novamente, o melhor agosto da história para essa categoria também.
"Os meses vêm batendo recordes em relação aos anos anteriores, mas isso não quer dizer que o desempenho é comemorável", diz Marcel Solimeo.
"Havia uma expectativa de alta
em torno de 4% no mês e ela
não se concretizou. Crescemos
pouco em agosto, quando houve inclusive as vendas de Dia
dos Pais", diz ele.
Os últimos resultados, dos
meses passados, aquém do esperado fizeram a associação rever a sua estimativa de vendas
para 2006. A ACSP já comentava sobre a possibilidade de reconsiderar a sua previsão, mas,
oficialmente, trabalhava com
uma perspectiva de expansão
de 5% no ano. "Agora, acreditamos que a alta deva ficar em
4%", diz Solimeo.
O que existe é uma série de
contradições no mercado, com
comportamentos díspares no
varejo. Como informado ontem, pelos dados do PIB, existiam segmentos no mercado
doméstico que estavam com
vendas aquecidas no primeiro
semestre. Eram varejo de eletroeletrônicos e revendas de
carros, por exemplo. No segundo semestre, houve mudanças.
A venda dos supermercados
e do varejo de alimentos, em geral, melhorou. Mas a situação é
a mesma: apenas um seleto
grupo de segmentos do varejo
registra resultados positivos
-com elevação de até dois dígitos das vendas.
Na análise de entidades como a Fecomercio SP e a ACSP,
há uma expansão real na renda
neste ano, que tem dado fôlego
para o consumo de certos itens.
Tanto que o índice do IBGE sobre o volume de vendas do comércio no país mostra desempenhos positivos. A alta média
nas vendas (em volume) de janeiro a junho foi de 5,7%.
O rendimento médio real da
população (em seis regiões metropolitanas) passou de R$ 995
em julho de 2005 para R$ 1.028
no mesmo mês deste ano, segundo o instituto.
No entanto, isso não tem sido
o bastante para aquecer as vendas dentro das previsões passadas de expansão. "Até julho, o
faturamento real das lojas na
região metropolitana de São
Paulo subiu 3,3% em relação a
2005. Esse discreto aumento
continua a ser sustentado basicamente pela oferta de crédito", conta Altamiro Carvalho,
assessor da Fecomercio SP.
Para ele, o grau de endividamento dos consumidores, que
permanece elevado por conta
das altas taxas de juros pagas
em compras no ano passado, é
obstáculo para um crescimento
mais robusto nas vendas.
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