São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008

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Gafisa adquire o controle da Tenda

Construtora terá 60% da empresa mineira e se reforça nas operações para baixa renda

Operação ocorre após grande desvalorização das ações da Tenda, que perdeu 65% do valor de mercado no mês passado

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Gafisa anunciou ontem uma fusão que lhe dará o controle da construtora mineira Tenda. A operação marca o reforço da Gafisa nas operações para o mercado de baixa renda, foco central dos negócios da Tenda. A empresa será integrada à subsidiária Fit Residencial Empreendimentos Imobiliários, uma divisão da Gafisa também focada no segmento de construção de habitações para grupos de média e baixa renda -valores entre R$ 80 mil a R$ 200 mil.
A Fit ingressa nessa associação depois de receber injeção de R$ 300 milhões da Gafisa S.A., que assim passará a deter 60% do capital da Tenda. Os ex-controladores ficam com 20%, e o restante continuará no mercado. A Gafisa não pretende fechar o capital da Tenda.
Segundo Wilson Amaral, diretor-presidente da Gafisa, a fusão, negociada em apenas três semanas, criará uma das maiores companhias privadas de construção habitacional para a média e a baixa renda. "A Tenda atende a uma faixa de consumidor que não alcançávamos. É uma operação complementar", diz. A forte queda das ações da Tenda nos últimos dias não influenciou a decisão da Gafisa. "Não olhamos a perda do valor das ações, mas a lógica e os fundamentos do negócio são bons", afirma. Hoje, Amaral vai explicar a operação ao mercado.
A aquisição surpreendeu analistas. De acordo com a equipe do Banif, não havia nenhuma expectativa de que a Tenda fosse a primeira empresa a ser incorporada. A Tenda enfrentava um momento delicado e de desconfiança no mercado de ações.
Só em agosto, as ações da empresa -que foram lançadas em outubro de 2007- perderam 65,2% do valor. A queda no preço das ações foi motivada pela frustração de resultados no balanço do segundo trimestre de 2008. A forte queda exigiu um pronunciamento da empresa.
Na sexta-feira, a Tenda emitiu comunicado ao mercado tentando restabelecer a confiança dos investidores. Disse que dispunha de R$ 109 milhões em caixa em 27 de agosto, suficientes para garantir as operações até o primeiro trimestre de 2009.
Além disso, a Tenda havia dito que avaliava alternativas de captação de recursos para "equacionar as necessidades de recursos no médio e longo prazos". A nota dizia ainda que a Tenda possui baixo nível de endividamento e que manteria a "abordagem conservadora".
Após a febre das aberturas de capital do setor no ano passado e no início de 2008, o mercado de crédito para a construção de imóveis se retraiu. Construtoras que basearam seus planos de negócios na realidade de crédito mais farto foram pegas de surpresa e tiveram de refazer seus planos. Em agosto, a Inpar anunciou que venderá ativos não-residenciais, como prédios comerciais, para captar R$ 200 milhões.
As ações da Tenda entraram no mercado em outubro passado ao valor de R$ 9. Na sexta, a ação fechou a R$ 3,75, desvalorização de 58,33% desde o IPO.
Com o anúncio da Gafisa, o papel da Tenda subiu 22,66% ontem, a R$ 4,60. Os papéis ON da Gafisa também fecharam em alta de 8,82%, a R$ 25,40.


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