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MONOPÓLIO
Aprovação teve restrições; White Martins não poderá ampliar fonte de matéria-prima por seis anos
Cade aprova compra da Liquid Carbonic
ISABEL VERSIANI
da Sucursal de Brasília
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou ontem, com restrições, a
compra da empresa Liquid Carbonic pela White Martins.
Com o negócio, fechado há três
anos, no valor de R$ 718,827 milhões, a White Martins passou a
deter o monopólio do mercado
nacional de gás carbônico, usado
na produção de refrigerantes.
Para aprovar o processo, o Cade
declarou a White Martins impedida de ampliar suas fontes de
matéria-prima pelos próximos
seis anos. O objetivo é estimular a
entrada de competidores no mercado de gás carbônico durante o
período da restrição.
O vice-presidente jurídico da
White Martins no Brasil, Júlio César Cassano, considerou a restrição imposta pelo conselho como
um "dirigismo estatal".
"As condições do mercado de
gases no Brasil mudaram desde
1996 e essas restrições são desnecessárias", disse. Segundo Cassano, a White Martins detém hoje
56% da oferta de gás carbônico no
país, contra uma concentração de
98% em 1996.
Contratos de preferência
Atualmente, além da White
Martins, três empresas operam
com gás carbônico no Brasil: Aga,
Messer e Air Liquide.
O faturamento anual do setor
no país é estimado em R$ 100 milhões.
O Cade também proibiu a White Martins de selar contratos de
preferência com seus clientes.
Nesse tipo de contrato, os compradores se comprometem a só
procurar novos fornecedores se
houver oferta de preços mais baixos. O conselho entende que a regra fere a livre concorrência
O advogado da White Martins
José Inácio Franceschini disse que
a empresa terá que rever os contratos já assinados com clientes
para obedecer à orientação.
O Cade aplicou, ainda, multa de
R$ 1,123 milhão à White Martins
por entender que a empresa apresentou, durante o processo, informações enganosas relativas à
existência de capacidade ociosa.
Recurso contra multa
A White Martins nega a existência de capacidade ociosa e, ontem,
informou que vai recorrer da cobrança da multa.
O relator do processo White
Martins no Cade foi o conselheiro
Mércio Felsky. Seu parecer foi
aprovado com o voto de cinco dos
sete componentes do conselho.
A conselheira Lúcia Helena Salgado, que nos dois últimos julgamentos do conselho havia pedido
vista do processo, ontem se declarou impedida de julgar o caso por
"questões de foro íntimo".
O presidente do Cade, Gesner
Oliveira, só apresenta seu voto no
caso de empate do plenário.
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