São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2004

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Dólar cai para R$ 2,838; mercado já fala em captação e intervenção

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar alcançou ontem seu menor valor desde 16 de janeiro. Vendido a R$ 2,838 no fim das operações, registrou queda de 0,77% diante do real ontem. No ano, a moeda norte-americana acumula recuo de 2,21%.
Com o dólar nesse patamar, analistas se perguntam se o Banco Central não irá começar a intervir para tentar deter uma queda mais acentuada da moeda: dólar em níveis muito baixos pode prejudicar o desempenho da balança comercial, favorecendo as importações, que, em reais, ficam mais baratas.
O resultado da balança tem sido importante para manter equilibradas as contas externas brasileiras, diminuindo a necessidade de tomada de empréstimos.
Na opinião de Joel Bogdanski, gerente de política monetária do banco Itaú, é normal que o dólar esteja em baixa neste momento.
"A entrada de dólares tem sido maior que a demanda pela moeda. Mas não penso que o dólar caia muito abaixo do atual nível. Se a moeda ficar abaixo de R$ 2,80, teremos um cenário mais propício para esperar por uma entrada do BC no mercado comprando moeda para recompor suas reservas", diz Bogdanski.
As captações de recursos fechadas nas últimas semanas pelos setores público e privado têm ajudado a manter o real valorizado.
A queda do dólar de ontem recebeu um impulso de rumores de que o governo prepara uma nova operação para captar recursos no mercado internacional, segundo operadores. O governo estaria interessado em aproveitar o atual bom momento -risco-país em torno de 460 pontos e recente aumento do "rating" (nota de crédito) pelas principais agências de classificação de risco- para realizar uma nova emissão.
Em setembro, o BC emitiu, em duas etapas, 1 bilhão em títulos da dívida externa com prazo de oito anos.
Para Carlos Kawall, economista-chefe do Citibank, o "dólar pode descer mais um pouco, mas não terá uma tendência monótona nos próximos meses". Kawall prevê que o dólar esteja próximo dos R$ 3,00 no fim do ano.
O dólar em níveis mais baixos pode ter reflexos negativos sobre a balança comercial, favorecendo o aumento das importações. Em setembro, as importações -de US$ 5,753 bilhões- foram as maiores, num único mês, do governo Lula.


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