São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2004 |
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LIÇÃO DE CASA Anoop Singh, no entanto, diz ser necessário reduzir mais a vulnerabilidade externa e elevar crédito dado a empresas FMI tece maior série de elogios ao Brasil
DE WASHINGTON
CURTO PRAZO - A prioridade é
reduzir as vulnerabilidades para
evitar o tipo de crise que vimos
acontecer nos últimos anos. Para
isso, é fundamental dar mais segurança ao mercado sobre a sustentabilidade do endividamento. CRESCIMENTO - Não seria tão
pessimista sobre a possibilidade
de o crescimento atual vir a pressionar a inflação. Há seis meses,
no Brasil, dissemos que estávamos confiantes em que em meados deste ano o país estaria crescendo com mais força. Fui confrontado com um forte pessimismo em São Paulo. Agora, comparando o terceiro trimestre [julho a
setembro] sobre o mesmo trimestre de 2003, vemos um crescimento anualizado na faixa de 6%. No
primeiro semestre, essa taxa era
de 4%. SUSTENTABILIDADE - Precisamos
olhar para as reformas que o Brasil vem fazendo nos últimos anos.
Na área fiscal, nos gastos com
educação e na área social. Tem
havido um número importante
delas. As reformas levam algum
tempo para começar a afetar o
crescimento, mas estamos entrando em um período em que os
dividendos de políticas passadas
começam a criar raízes. Creio que
podemos estar muito mais confiantes sobre a sustentabilidade
do crescimento do que há cinco
ou seis anos. INFLAÇÃO - É verdade que a inflação subiu nos últimos meses,
mas isso deve-se em grande parte
a um choque de oferta. A expectativa agora é que a inflação comece
a cair de acordo com os objetivos
do Banco Central. O atual ciclo de
aperto da política monetária do
Banco Central tende a ser gradual,
algo muito diferente do que ocorreu no passado. VULNERABILIDADE - A performance externa do Brasil tem sido
bastante forte e condizente com o
atual ciclo de crescimento. O crescimento das exportações tem sido
realmente espetacular -um aumento de 50% sobre os últimos
três anos. O superávit na conta
corrente implica um considerável
fortalecimento da posição externa, fato que vem sendo reconhecido por várias agências de classificação de risco. EXPORTAÇÕES - Há um mar de
mudanças nesse setor nos últimos
dois anos. A estrutura das exportações está muito mais diversificada, tanto em termos de composição quanto de destino. Há dinamismo e força nas exportações
brasileiras. É um novo fenômeno.
Creio que estamos vendo apenas
o princípio disso. A mudança estrutural no setor é também um indicador instrutivo da evolução
que está ocorrendo na economia
como um todo. Isso nos deixa
muito otimistas em achar que esse é apenas o começo de uma tendência muito maior de aumento
de participação de mercado, de
abertura comercial e de crescimento no Brasil. SUPERÁVIT PRIMÁRIO - Não há
uma resposta direta à pergunta se
o Brasil deve ou não manter ou
aumentar o superávit de 4,5% do
PIB em 2005. É muito bem-vindo
o fato de o Brasil ter decidido fortalecer sua posição fiscal neste
ano, pois vai permitir que o país
pague mais rápido o seu endividamento. Para 2005, isso vai depender do estado da economia
mundial e do ritmo da demanda
doméstica. Temos total confiança
na atual equipe econômica e vamos discutir com eles no final do
ano o que planejam. CRÉDITO INTERNO - Uma área-chave que precisa avançar é a melhoria da intermediação financeira no Brasil. O Brasil sofre com a
falta de crédito para investimentos. Parece que as autoridades estão atacando o problema com determinação, incluindo uma série
de medidas, inclusive a adoção da
Lei de Falências, que, esperamos,
será aprovada até o final do ano. NOVO ACORDO - O programa
atual expira em março. Portanto
temos ainda seis meses pela frente. É cedo para começar a discutir
isso. Sabemos quais são as intenções do governo [não renovar o
programa]. Se houver uma mudança de vontade, vão nos avisar. LINHA ESPECIAL - Qualquer mudança nos instrumentos de financiamento do Fundo deve ser discutida no âmbito do comitê executivo e há uma discussão a respeito no momento. Teremos de
esperar para ver como isso avança
nos próximos meses. |
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