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Tintos se destacam,
dizem especialistas
DA ENVIADA A BENTO GONÇALVES (RS)
Com a melhor safra brasileira
de uva de todos os tempos, era
grande a expectativa para o resultado dos vinhos produzidos.
E foi possível confirmar a qualidade e a evolução dos vinhos nacionais, na opinião dos enólogos
brasileiros e estrangeiros que participaram da 13ª edição da Avaliação Nacional de Vinhos, em Bento Gonçalves (RS) -84 vinícolas
que mandaram 368 amostras para avaliação. No total, 23 cidades
de cinco Estados do país tiveram
seus vinhos representados no
evento, o que mostra a diversificação da vitivinicultura no país.
O evento contou com painel de
15 degustadores que avaliaram 15
vinhos previamente selecionados.
Os finalistas estão entre a média
dos 30% mais representativos da
safra. No total, 704 pessoas, entre
enólogos, enófilos, varejistas e
apreciadores da bebida, inscreveram-se para as degustações.
O resultado da avaliação foi
unânime. Os vinhos brancos evoluíram, estão bons, mas ficaram
abaixo da expectativa gerada pela
supersafra. Já os tintos surpreenderam pela qualidade, pela riqueza dos aromas e dos sabores.
"Como esperávamos, pudemos
conferir o que de melhor tivemos
na safra de 2005. Sobressaíram alguns brancos, mas principalmente os tintos -segmento em que
nós éramos muito criticados por
não ter clima e condição de elaborar um vinho de boa qualidade",
afirmou, em sua avaliação, o presidente da ABE, Dirceu Scottá.
Para o enófilo e escritor Mauro
Côrte Real, os vinhos brancos não
mostraram o mesmo "upgrade"
que os tintos, mas melhoraram,
ficaram mais arredondados.
Para o presidente da Federação
Espanhola de Associações de
Enólogos, Vicente Sánchez-Migallón, as amostras apresentadas no
evento abriram uma porta fundamental para o vinho brasileiro
buscar a sua personalidade no
mercado internacional. Para ele,
ainda é preciso marketing no
mercado externo, visando o consumidor que busca o exótico.
As vinícolas surpreenderam o
tcheco Lubos Bárta, editor da revista "Sommelier, Revue pro Hotel a Restaurant". "Fiquei impressionado com a tecnologia moderna, que não se encontra em nenhum outro país."
A procura no Brasil por vinhos
nacionais tem crescido, segundo
o varejo. Para Cleonice Lima, do
Empório Santa Maria, que vende
produtos importados e nacionais
em São Paulo, "a visão do brasileiro começou a mudar desde a boa
safra de 1999", quando começou a
produção de vinhos para guardar.
Mas os consumidores terão de
ter paciência para provar os vinhos da supersafra 2005. Alguns
brancos logo mais devem estar no
mercado, mas os tintos só devem
ser comercializados em 2006 e em
2007 -passarão esse tempo amadurecendo nos barris.
E mesmo assim, dizem os especialistas, o ideal seria esperar dois
ou três anos a mais para abrir a
garrafa e poder degustar o vinho
em seu melhor estágio.
O colunista de vinhos da Folha
Jorge Carrara diz que não há dúvida de que as bebidas apresentadas na degustação são o que há de
melhor na produção do país. "É
um carro-conceito, um protótipo.
Mas existe, é aquilo."
Segundo ele, prova disso é que a
indústria nacional de vinhos está
em franca evolução. Só resta ter a
certeza de que aquele vinho vai
ser produzido em grande escala,
chegando até o consumidor,
acrescenta Carrara.
(AK)
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