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Governo vai antecipar R$ 5 bi para agricultores
Liberação visa amenizar a falta de financiamento
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para tentar amenizar a escassez de linhas de financiamento
externas para o setor agrícola, o
governo decidiu antecipar a liberação de R$ 5 bilhões que o
Banco do Brasil previa usar somente no Plano de Safra do ano
que vem.
A medida emergencial, anunciada ontem pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), é uma
alternativa ao aumento, neste
momento, na parcela dos depósitos à vista que os bancos captam dos clientes e são obrigados a direcionar para agricultura, a chamada "exigibilidade",
para irrigar o setor.
O principal alvo da liberação
do dinheiro são os grandes produtores de grãos, já que são eles
os mais afetados pela falta de
crédito no atual período de
plantio. Para plantar, os agricultores contam basicamente
com três fontes de recursos: capital próprio, dinheiro que o
governo anuncia para os financiamentos dentro dos planos
de safra e os empréstimos de
tradings e de fornecedores. Estes últimos, por sua, vez costumam tomar dinheiro no exterior, seja com bancos ou mesmo suas matrizes.
Os financiamentos das tradings e de fornecedores respondem por cerca de 30% do
dinheiro necessário para o
plantio da safra, que custa R$
120 bilhões, segundo o diretor
de agronegócio do Banco do
Brasil, José Carlos Vaz. "O capital próprio representa outros
30%, e o Plano de Safra, 40%."
Como a disponibilidade de
crédito externo caiu, os produtores que usavam essas fontes
de recursos aumentaram a demanda por empréstimos no
BB. Para atender esses agricultores, o banco, no entanto, precisava aumentar os R$ 11 bilhões estimados em abril,
quando fez sua previsão de financiamentos para esta safra.
No ano que vem, quando espera-se que a situação esteja
mais calma, o governo decidirá
como recompor os recursos para o plano de safra do BB. Uma
alternativa para cobrir os R$ 5
bilhões antecipados neste ano é
aumentar a parcela dos depósitos à vista direcionados para o
crédito agrícola que atualmente está em 25%.
Mas isso implica redução da
parte desses recursos que os
bancos são obrigados a recolher ao BC, o chamado depósito
compulsório. A redução do
compulsório agora chegou a ser
cogitada no governo, mas a antecipação dos R$ 5 bilhões foi
avaliada como "saída melhor".
O volume de depósitos à vista
(em conta corrente) também
está em queda nos últimos meses, o que reduz a parcela que
vai para agricultura. Esse é outro motivo que ajudou a pressionar o BB. Por isso, o governo
quer esperar para avaliar melhor os desdobramentos do cenário internacional na movimentação de recursos na economia antes de mexer nos
compulsórios, embora a redução tenha sido mencionada em
reunião da coordenação política, ontem, como alternativa para elevar a oferta de crédito.
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