São Paulo, sábado, 02 de novembro de 2002

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ANO DO DRAGÃO

Reajuste dos combustíveis teria impacto de até 0,9 ponto no IPCA

Inflação deve chegar a 1,5% em novembro com tarifaço

DA SUCURSAL DO RIO

Num momento em que os índices já estão pressionados pelo contágio do dólar, o aumento dos combustíveis fará a inflação de novembro subir ainda mais. Especialistas ouvidos pela Folha estimam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) chegue a 1,50%.
Segundo o economista Wilson Ramião, do Lloyds TSB, a gasolina terá um peso de 0,50 ponto percentual na inflação, e o gás de cozinha, de 0,40 ponto, considerando os percentuais de reajuste na refinaria. Somados, haveria uma elevação de 0,90 ponto percentual na inflação.
Porém, afirmou Ramião, como em geral o repasse ao consumidor é de cerca de 80% do aumento na refinaria, a alta deve ser de algo em torno de 0,70 ponto percentual. Ele prevê um IPCA de 1,50% em novembro.
Com o "tarifaço" dos combustíveis, Ramião disse que "está praticamente descartado" um corte de juro até o fim do ano. Para ele, o BC deve manter a Selic em 21%.
Na refinaria, a gasolina já subiu 9,14% em 2002, e o diesel, 43,7%, já considerando os aumentos anunciados ontem, segundo cálculos do professor de matemática financeira José Dutra Vieira Sobrinho. Para o gás, diz ele, a alta soma 75,73%.
Para Marcela Prada, da Tendências Consultoria, o IPCA certamente vai superar 1% em novembro, quando absorverá a maior parte dos aumentos anunciados ontem. Diferentemente da Petrobras, ela espera um repasse ao consumidor de GLP de 16%, o que representaria um peso de 0,27 ponto. No caso da gasolina, cujo preço ao consumidor deve subir 9,7%, Prada prevê um impacto de 0,40 ponto.
Até setembro (último dado disponível), o gás de cozinha subiu, ao consumidor, 23,78%, segundo dados do IPCA. A gasolina acumula uma ligeira queda de 1,62%. O diesel, um aumento de 21,51%. No ano, o IPCA está em 5,60%. Em setembro, ficou em 0,72%.
Segundo o IBGE, cada ponto percentual de reajuste da gasolina corresponde a um impacto de 0,0412 no IPCA. No caso do gás de cozinha, o peso é de 0,0171.
Com base na previsões de reajuste ao consumidor da Petrobras -9% para a gasolina e 12% para o gás de botijão-, é possível estimar impactos de 0,37 ponto e 0,21 ponto, respectivamente.
Ramião projeta que o IGP-M, índice que mede mais os preços no atacado (60% de sua composição) e corrige uma série de contratos, atinja mais de 3% em novembro. Em outubro, o índice registrou a maior variação desde 1994: 3,87%.


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