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TOMA LÁ DA CÁ
País negocia com Tailândia, maior exportadora do tubérculo, tecnologia para fazer álcool com o produto
Brasil tenta liberar mercado de mandioca
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A Abam (Associação Brasileira
dos Produtores de Amido de
Mandioca) negocia a exportação
para a Tailândia de tecnologia
brasileira de produção de álcool a
partir da mandioca.
A Tailândia é hoje o maior exportador mundial de amido de
mandioca e de chips (mandioca
picada e desidratada) para os
mercados europeu e chinês.
Com a necessidade de álcool
combustível, a expectativa dos
brasileiros é que parte da produção tailandesa de mandioca seja
desviada para a produção de álcool, liberando mercados para o
amido brasileiro.
Com isso, o Brasil espera disputar um setor de US$ 1 bilhão, hoje
monopolizado pelo país asiático
no mercado internacional de amido e chips de mandioca.
"A Tailândia é um país essencialmente importador de combustíveis e a produção de álcool
de mandioca é vital para seus interesses internos. Estamos preparando o projeto de usinas adaptadas às condições deles", afirmou o
produtor e industrial Antônio
Donizetti Fadel, 49, de Palmital
(interior de SP).
Fadel integrou a comitiva da
Abam que no final de outubro visitou produtores tailandeses. A
projeção inicial é que a Tailândia
instale cinco usinas construídas
com o uso da tecnologia brasileira, com capacidade para produzir
200 mil litros de álcool de mandioca cada um, em nível de experiência.
"A Tailândia tem limitações para a expansão das lavouras de
mandioca e necessidade de álcool.
Nós temos a tecnologia de álcool a
partir da mandioca e estamos interessados em auxiliá-los. Com isso vai sobrar mercado para nosso
amido", disse João Eduardo Pasquim, 38, presidente da Abam e
produtor e industrial em Nova
Esperança (PR).
O Brasil e a Tailândia são os
principais produtores mundiais
de mandioca. No ano passado o
Brasil produziu 24 milhões de toneladas da tubérculo, e a Tailândia, 22 milhões toneladas. A área
de plantio também é equivalente,
com os países plantando cerca de
4 milhões de hectares. A produtividade média, nos dois países, está em torno de 20 toneladas de tubérculo por hectare.
Essas semelhanças, no entanto,
param por aí. Enquanto o Brasil
produziu 428 mil toneladas de
amido na safra passada, a Tailândia produziu 3 milhões de toneladas. Os asiáticos exportaram 1,8
milhão de toneladas de amido e 6
milhões de toneladas de chips de
mandioca no ano passado, com
uma receita superior a US$ 1 bilhão, enquanto o Brasil destinou o
grosso de sua produção para o
mercado interno, com exportações insignificantes.
"Para nós, em comparação com
a cana, é inviável produzir álcool a
partir da mandioca, mas para eles
é vantajoso. Logo, vamos fornecer
tecnologia e aproveitar o desvio
da mandioca deles para o álcool e
disputar os mercados de amido",
afirma Fadel.
O intercâmbio com os produtores de mandioca da Tailândia
também vai servir para que o Brasil ingresse em um novo mercado:
o da produção de chips de mandioca.
Principal fornecedor mundial, a
Tailândia fornece chips de mandioca para a Europa, para ração
animal, e para a China, que utiliza
os chips para a produção de álcool. A China é hoje também a
maior importadora mundial de
chips e de amido de mandioca no
mercado internacional.
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