São Paulo, sexta-feira, 02 de novembro de 2007

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Temor com bancos faz Bolsas recuarem

Dow Jones cai 2,6%, com rebaixamento de nota de Citigroup; Fed faz maior injeção de dinheiro desde setembro de 2001

Preocupações com os grandes bancos marcou dia que se esperava fosse de ganhos expressivos após o corte nos juros dos EUA

Shannon Stapleton/Reuters
Corretor sentado na Bolsa de Nova York; Dow Jones caiu 2,6%


DA REDAÇÃO

Um dia após o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) anunciar um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, para 4,5%, as principais Bolsas mundiais tiveram um dia de forte queda. As preocupações com os grandes bancos marcaram um dia que se aguardava fosse de ganhos expressivos.
O Fed esperava que o corte nos juros trouxesse alívio para o setor financeiro, mas teve que colocar US$ 41 bilhões para garantir a liquidez no mercado -a maior injeção desde 19 de setembro de 2001, logo após os ataques terroristas aos EUA. Durante o período de maior turbulência no ano, em agosto, a maior injeção diária do BC americano foi US$ 38 bilhões.
O índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, caiu 2,6%, e o Nasdaq, que reúne as empresas de tecnologia, recuou 2,25%. A Bolsa de Frankfurt teve queda de 1,72%. A Bovespa se desvalorizou em 1,94%.
A principal notícia do dia foi o rebaixamento da nota do Citigroup, um dos maiores bancos do mundo, pela consultoria CIBC World Markets e pelo Credit Suisse. Já o Morgan Stanley rebaixou o Citi e outros grandes bancos.
Segundo o CIBC, o Citi precisará arrecadar mais de US$ 30 bilhões no curto prazo para cumprir sua obrigações. As ações do Citi caíram quase 7% ontem.
Para o Morgan Stanley, "haverá contágio do mercado de hipotecas "subprime" [de alto risco] para o "prime" [de primeira linha], para o setor de automóveis e para os empréstimos no cartão de crédito". Isto é, os problemas do mercado de crédito imobiliários podem estar se espalhando para o restante da principal economia mundial.
O próprio Credit Suisse, que rebaixou para "neutra" a nota do Citi, anunciou que seu lucro caiu 31% no terceiro trimestre, para US$ 1,1 bilhão, e que as oscilações do mercado de crédito causaram uma baixa contábil de US$ 1,9 bilhão. Outros grandes bancos registraram quedas expressivas em suas ações. Os papéis do Morgan Stanley caíram 7,2%, os do AIG, 6,07%, e os do Bank of America, 5,32%.
Desde a crise de julho e agosto, a grande preocupação dos economistas é com as perdas sofridas pelos grandes bancos, que ainda não estavam claras. A maior parte deles registrou lucro no terceiro trimestre, mas com queda em relação ao mesmo período de 2006. E o UBS já disse que deve sofrer perdas neste trimestre ainda, nos títulos vinculados ao mercado imobiliário. "Nós sabemos que há mais cadáveres no armário", afirmou Hans Redeker, do BNP Paribas, ao "Financial Times".
O resultado da ExxonMobil também preocupou os investidores. A petrolífera teve uma queda de 10% em seus lucros no trimestre passado.
As preocupações também se estenderam para o mercado de commodities. O petróleo, que tinha batido recorde anteontem, recuou. Em Nova York, o produto se desvalorizou em 1,1%, para US$ 93,49. Já a cotação do produto em Londres caiu para US$ 89,72, queda de 1% em relação ao dia anterior. O ouro também recuou.
Ao contrário do que era esperado após a decisão do Fed de anteontem, o dólar se valorizou ante o euro.


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