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MERCADO FINANCEIRO
C-Bonds, títulos da dívida mais negociados, fecham a US$ 0,9744; risco-país fica abaixo dos 500 pontos
Papéis brasileiros atingem valor recorde
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O risco-país brasileiro fechou
ontem abaixo da barreira dos 500
pontos pela primeira vez em mais
de cinco anos. A queda acumulado do risco em 2003 é de 65,47%.
A baixa de 6,4% registrada ontem levou o indicador aos 499
pontos, o menor patamar desde 8
de maio de 1998.
Esse recuo reflete a alta no valor
dos C-Bonds, títulos da dívida
brasileira mais negociados no
mercado internacional. Ontem os
C-Bonds subiram 0,97%, para alcançar uma nova cotação recorde: US$ 0,9744.
A melhora do risco-país brasileiro neste ano tem acompanhado
o momento menos adverso do
mercado internacional aos países
emergentes.
O risco-país do México recuou
32% neste ano. Ontem fechou aos
204 pontos, em baixa de 1,9%.
Analistas do mercado lembram
que, apesar de o risco brasileiro
ter desabado neste ano, ainda é o
dobro do mexicano. Mesmo o risco do Peru, que caiu 2,2% ontem,
é inferior ao do Brasil, cotado em
312 pontos.
"O Brasil vive um bom momento aos olhos do investidor estrangeiro, algo bastante diferente do
que o país vivia no ano passado.
Isso se reflete diretamente nos ativos negociados lá fora, que estavam bastante depreciados", afirma Clive Botelho, diretor financeiro do banco Santos.
O Embi+, que mede a média da
variação do risco-país dos emergentes, fechou ontem a 441 pontos, em baixa de 3,08%.
O risco-país da Turquia recuou
ainda mais que o brasileiro, encerrando as operações com desvalorização de 7,5%, aos 341 pontos.
Sobe-e-desce
No ano passado, quando o país
vivia a tensão do período pré-eleitoral, que resultou na vitória da
oposição, o risco-país atingiu seu
nível mais elevado. Em 27 de setembro de 2002, o risco fechou
aos 2.443 pontos.
Quanto mais o risco sobe, maiores são as expectativas do mercado de que o país poderá dar calote
em sua dívida. Quando o risco recua para níveis menores, essa expectativa se inverte.
O risco-país é um indicador elaborado pelo banco JP Morgan e
representa o prêmio pago por títulos de países quando comparados aos juros de papéis do Tesouro norte-americano, considerados de risco zero.
"Muito da queda recente do risco-país está relacionado também
ao movimento dos Treasuries [títulos do Tesouro norte-americano]. As taxas desses papéis têm
subido", diz o analista de mercados da consultoria Global Invest,
Fernando Bau.
Teto
Depois de superar o US$ 0,9700,
Bau explica que o C-Bond pode
começar a encontrar mais dificuldades para subir. É que o governo
brasileiro tem direito de compra
dos títulos quando eles atingirem
US$ 1,00. Com isso, o investidor
que comprasse acima desse patamar poderia perder dinheiro.
Neste momento, o mercado espera que o governo brasileiro
aproveite o clima positivo para
realizar um novo lançamento de
papéis no exterior. É que as chances de o governo encontrar mais
compradores cobrando taxas menores é maior.
Também é aguardada a elevação do "rating" (nota de crédito)
da dívida soberana do Brasil pela
agência Standard & Poor's.
"Não podemos esquecer que o
governo acabou de aprovar no Senado a reforma da Previdência.
Para o investidor estrangeiro, isso
significa uma mudança estrutural
importante. Por isso, os recursos
dos estrangeiros devem continuar
indo para os ativos brasileiros",
afirma Luiz Marcos Prudêncio,
economista e analista de investimentos da SLW Corretora.
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