UOL


São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO FINANCEIRO

C-Bonds, títulos da dívida mais negociados, fecham a US$ 0,9744; risco-país fica abaixo dos 500 pontos

Papéis brasileiros atingem valor recorde

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O risco-país brasileiro fechou ontem abaixo da barreira dos 500 pontos pela primeira vez em mais de cinco anos. A queda acumulado do risco em 2003 é de 65,47%.
A baixa de 6,4% registrada ontem levou o indicador aos 499 pontos, o menor patamar desde 8 de maio de 1998.
Esse recuo reflete a alta no valor dos C-Bonds, títulos da dívida brasileira mais negociados no mercado internacional. Ontem os C-Bonds subiram 0,97%, para alcançar uma nova cotação recorde: US$ 0,9744.
A melhora do risco-país brasileiro neste ano tem acompanhado o momento menos adverso do mercado internacional aos países emergentes.
O risco-país do México recuou 32% neste ano. Ontem fechou aos 204 pontos, em baixa de 1,9%. Analistas do mercado lembram que, apesar de o risco brasileiro ter desabado neste ano, ainda é o dobro do mexicano. Mesmo o risco do Peru, que caiu 2,2% ontem, é inferior ao do Brasil, cotado em 312 pontos.
"O Brasil vive um bom momento aos olhos do investidor estrangeiro, algo bastante diferente do que o país vivia no ano passado. Isso se reflete diretamente nos ativos negociados lá fora, que estavam bastante depreciados", afirma Clive Botelho, diretor financeiro do banco Santos.
O Embi+, que mede a média da variação do risco-país dos emergentes, fechou ontem a 441 pontos, em baixa de 3,08%.
O risco-país da Turquia recuou ainda mais que o brasileiro, encerrando as operações com desvalorização de 7,5%, aos 341 pontos.

Sobe-e-desce
No ano passado, quando o país vivia a tensão do período pré-eleitoral, que resultou na vitória da oposição, o risco-país atingiu seu nível mais elevado. Em 27 de setembro de 2002, o risco fechou aos 2.443 pontos.
Quanto mais o risco sobe, maiores são as expectativas do mercado de que o país poderá dar calote em sua dívida. Quando o risco recua para níveis menores, essa expectativa se inverte.
O risco-país é um indicador elaborado pelo banco JP Morgan e representa o prêmio pago por títulos de países quando comparados aos juros de papéis do Tesouro norte-americano, considerados de risco zero.
"Muito da queda recente do risco-país está relacionado também ao movimento dos Treasuries [títulos do Tesouro norte-americano]. As taxas desses papéis têm subido", diz o analista de mercados da consultoria Global Invest, Fernando Bau.

Teto
Depois de superar o US$ 0,9700, Bau explica que o C-Bond pode começar a encontrar mais dificuldades para subir. É que o governo brasileiro tem direito de compra dos títulos quando eles atingirem US$ 1,00. Com isso, o investidor que comprasse acima desse patamar poderia perder dinheiro.
Neste momento, o mercado espera que o governo brasileiro aproveite o clima positivo para realizar um novo lançamento de papéis no exterior. É que as chances de o governo encontrar mais compradores cobrando taxas menores é maior.
Também é aguardada a elevação do "rating" (nota de crédito) da dívida soberana do Brasil pela agência Standard & Poor's.
"Não podemos esquecer que o governo acabou de aprovar no Senado a reforma da Previdência. Para o investidor estrangeiro, isso significa uma mudança estrutural importante. Por isso, os recursos dos estrangeiros devem continuar indo para os ativos brasileiros", afirma Luiz Marcos Prudêncio, economista e analista de investimentos da SLW Corretora.


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Entenda: Saiba mais sobre o indicador dos países emergentes
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.