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São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2003

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EXPORTAÇÕES

Com fraca demanda interna, vendas externas do país superarão importações em mais de US$ 23 bi neste ano

Brasil integra "dez mais" em saldo comercial

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil fechará o ano entre o seleto grupo de países -tradicionalmente não passam de dez- que conseguem saldos comerciais (exportações menos importações) superiores a US$ 20 bilhões.
As estimativas do governo e do mercado apontam para um superávit entre US$ 23 bilhões e US$ 24 bilhões em 2003. Entre janeiro e novembro, as exportações brasileiras superaram as importações em US$ 22,078 bilhões.
Dois especialistas afirmam, no entanto, que saldos de US$ 20 bilhões não são sustentáveis no Brasil. "O saldo deste ano se deve a um conjunto de fatores excepcionais", afirma o diretor da Funcex (Fundação de Comércio Exterior), Ricardo Markwald.
A questão não é apenas se o saldo é sustentável. Markwald e o diretor da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, afirmam que manter superávit dessa magnitude não é desejável no longo prazo.
"Para o balanço de pagamentos, é fantástico, mas, para o desenvolvimento, é preciso olhar por outro ângulo", afirma Castro.
O balanço de pagamentos é a contabilidade de todos os dólares que entram e saem do país. Como o Brasil tem grande necessidade de moeda forte, por causa dos pagamentos de juros da dívida, saldos comerciais vultosos ajudam a diminuir a vulnerabilidade externa do país.

Recessão ajudou
Um dos fatores excepcionais que levaram ao saldo recorde, no entanto, é a recessão econômica. Com menos dinheiro, o país deixou de importar máquinas e insumos necessários para a modernização da indústria, diz Castro. As importações brasileiras já chegaram quase a US$ 60 bilhões em 1997. Neste ano, serão inferiores a US$ 50 bilhões.
No próximo ano, Markwald estima que, com crescimento econômico de 3,5%, as importações vão aumentar em mais ou menos 13%. É um boa notícia, pois o Brasil depende de tecnologia estrangeira para se modernizar.
As exportações, por sua vez, diz o diretor da Funcex, devem crescer apenas 5%. Parte da produção hoje destinada ao exterior vai acabar sendo consumida no mercado doméstico se houver uma melhora da renda dos brasileiros.
A estimativa da Funcex é menos otimista do que a meta do ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), que espera crescimento de 10% nas vendas brasileiras para o exterior em 2004.
Outra situação que favoreceu o Brasil foi a recuperação dos preços dos produtos agrícolas, como a soja. A maior parte do saldo brasileiro depende justamente do comportamento volátil das cotações de produtos agrícolas nos mercados internacionais.


Colaborou Cíntia Cardoso, de Nova York


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