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EXPORTAÇÕES
Com fraca demanda interna, vendas externas do país superarão importações em mais de US$ 23 bi neste ano
Brasil integra "dez mais" em saldo comercial
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil fechará o ano entre o seleto grupo de países -tradicionalmente não passam de dez-
que conseguem saldos comerciais
(exportações menos importações) superiores a US$ 20 bilhões.
As estimativas do governo e do
mercado apontam para um superávit entre US$ 23 bilhões e US$
24 bilhões em 2003. Entre janeiro
e novembro, as exportações brasileiras superaram as importações
em US$ 22,078 bilhões.
Dois especialistas afirmam, no
entanto, que saldos de US$ 20 bilhões não são sustentáveis no Brasil. "O saldo deste ano se deve a
um conjunto de fatores excepcionais", afirma o diretor da Funcex
(Fundação de Comércio Exterior), Ricardo Markwald.
A questão não é apenas se o saldo é sustentável. Markwald e o diretor da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José
Augusto de Castro, afirmam que
manter superávit dessa magnitude não é desejável no longo prazo.
"Para o balanço de pagamentos,
é fantástico, mas, para o desenvolvimento, é preciso olhar por outro ângulo", afirma Castro.
O balanço de pagamentos é a
contabilidade de todos os dólares
que entram e saem do país. Como
o Brasil tem grande necessidade
de moeda forte, por causa dos pagamentos de juros da dívida, saldos comerciais vultosos ajudam a
diminuir a vulnerabilidade externa do país.
Recessão ajudou
Um dos fatores excepcionais
que levaram ao saldo recorde, no
entanto, é a recessão econômica.
Com menos dinheiro, o país deixou de importar máquinas e insumos necessários para a modernização da indústria, diz Castro. As
importações brasileiras já chegaram quase a US$ 60 bilhões em
1997. Neste ano, serão inferiores a
US$ 50 bilhões.
No próximo ano, Markwald estima que, com crescimento econômico de 3,5%, as importações
vão aumentar em mais ou menos
13%. É um boa notícia, pois o Brasil depende de tecnologia estrangeira para se modernizar.
As exportações, por sua vez, diz
o diretor da Funcex, devem crescer apenas 5%. Parte da produção
hoje destinada ao exterior vai acabar sendo consumida no mercado doméstico se houver uma melhora da renda dos brasileiros.
A estimativa da Funcex é menos
otimista do que a meta do ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior), que espera crescimento
de 10% nas vendas brasileiras para o exterior em 2004.
Outra situação que favoreceu o
Brasil foi a recuperação dos preços dos produtos agrícolas, como
a soja. A maior parte do saldo brasileiro depende justamente do
comportamento volátil das cotações de produtos agrícolas nos
mercados internacionais.
Colaborou Cíntia Cardoso, de Nova York
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