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São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2003

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VEÍCULOS

Ministros do Desenvolvimento e do Planejamento haviam negado prorrogar acordo sobre IPI, que foi estendido pela Fazenda

Negar incentivo foi estratégia, diz Furlan

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou ontem que a versão dada pelo governo, na sexta, de que não prorrogaria o acordo que prevê a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) era um "despiste", enquanto seguiam as negociações com o setor.
"Quando se negocia, não se pode mostrar todos os trunfos. Não era oportuno fazer o anúncio da prorrogação naquele momento porque ainda estava em andamento a negociação que terminou à tarde. Faz parte do jogo", disse Furlan. Segundo ele, o governo pretendia obter das montadoras garantias de manutenção de empregos e de congelamento de preços por algum período.
Na manhã da última sexta-feira, em evento na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o ministro afirmou que o acordo que reduzia em até três pontos percentuais a alíquota do IPI (e que vencia ontem) fora feito em um momento delicado para a indústria, mas que "agora a situação do setor é muito diferente". "A tendência é não prorrogar."
Declarações de igual teor foram dadas horas mais tarde também em São Paulo pelo ministro do Planejamento, Guido Mantega. "O acordo não está sendo prorrogado. O governo vai atentar para a situação do mercado nos próximos meses. Já houve melhora [de vendas] para outros setores que não tiveram incentivos fiscais."
No início da noite, no entanto, o Ministério da Fazenda confirmava a extensão do incentivo fiscal até 28 de fevereiro. Em contrapartida, as montadoras se comprometeram a não aumentar preços até o dia 31 deste mês e a manter os empregos durante a vigência.
"Não houve desentendimentos", disse Mantega na manhã de ontem, depois de participar, junto com Furlan, de lançamento de projeto de PPPs (Parcerias Público-Privadas) na Fiesp. "A atribuição dessa decisão cabe ao Ministério da Fazenda e nós [ele e Furlan] estávamos fora de Brasília naquele dia", completou.
Segundo Mantega, o governo, nas últimas semanas, considerara que não haveria necessidade de prorrogar o acordo. "Depois fizemos uma nova avaliação e achamos que deveria ser estendido." O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) dissera dias antes que não via necessidade de renová-lo.
Mantega recorreu a dois argumentos para defender o novo acordo: primeiro, o da manutenção do emprego. E o de que o setor, por agregar diferentes cadeias produtivas, tem "grande capacidade de irradiar crescimento". "Muitas vezes você precisa ser rápido no gatilho", disse o ministro.


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