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Consumidores evitam compras a prazo em SP
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A alta dos juros e o receio de
não ter fôlego financeiro para
pagar prestações levaram os
consumidores a evitar o crediário em novembro em São Paulo.
No mês passado, as consultas
ao SPC, indicador das vendas a
prazo, caíram 4,5% em relação
a outubro, segundo a Associação Comercial de São Paulo.
As consultas ao Usecheque,
termômetro das vendas à vista,
cresceram 4,7% no período.
"Os dados mostram que crédito
está mais escasso, e o consumidor, mais cauteloso", diz Emílio
Alfieri, economista da ACSP.
Na comparação com novembro do ano passado, as consultas ao SPC subiram 1,4%, e as ao
Usecheque caíram 0,8%. "O
que dá para afirmar é que as
vendas estão quase no mesmo
patamar das de 2007, o que, na
atual situação, não é ruim."
O desempenho do comércio
de São Paulo em novembro, na
avaliação de Alfieri, sugere que
os setores de semi-duráveis, como roupas e calçados, e não-duráveis, como alimentos, terão melhor desempenho neste
final de ano. Os setores de veículos e de eletroeletrônicos deverão sofrer mais o efeito do
crédito caro e escasso, segundo
Alfieri, já que são mais dependentes de financiamento.
Martinho Paiva Moreira, vice-presidente da Apas, associação que reúne os supermercados paulistas, diz que o setor espera faturar neste Natal 4,2%
mais do que em igual período
do ano passado. "Não seremos
prejudicados com a crise. Em
vez de o consumidor gastar
com bens duráveis, como com
carros, computadores e televisores, vai comprar alimentos,
mas mantendo a previsão de
compras feita antes da crise."
A Lojas Cem, especializada
na venda de eletrodomésticos,
prevê faturar neste Natal o
mesmo do que no ano passado.
Valdemir Colleone, diretor
da rede, com 171 lojas, diz que o
consumidor de maior poder
aquisitivo diminuiu as compras, mas o de menor poder
aquisitivo só deixará de comprar se perder o emprego.
"É até provável que, com medidas para favorecer o consumo, as vendas em 2009 não sejam tão desastrosas. Mas, com
certeza, o medo de perder o
emprego deixa o consumidor
com receio de assumir dívidas."
A ACSP identificou o que
considera "pequena alta da inadimplência" em novembro. O
número de carnês em atraso
em mais de 30 dias subiu 12,8%
em relação a novembro do ano
passado, e o número de carnês
renegociados ou cancelados subiu 9,3% no mesmo período.
"Essa é uma tendência vista
em todo o ano de 2008. Isto é, o
número de carnês em atraso
tem crescido um ou dois pontos
percentuais acima do número
de carnês cancelados." A inadimplência líquida ficou em
6,4% em novembro, igual à de
outubro e um pouco acima da
de novembro de 2007, de 5,5%.
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