São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2008

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Consumidores evitam compras a prazo em SP

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A alta dos juros e o receio de não ter fôlego financeiro para pagar prestações levaram os consumidores a evitar o crediário em novembro em São Paulo.
No mês passado, as consultas ao SPC, indicador das vendas a prazo, caíram 4,5% em relação a outubro, segundo a Associação Comercial de São Paulo.
As consultas ao Usecheque, termômetro das vendas à vista, cresceram 4,7% no período. "Os dados mostram que crédito está mais escasso, e o consumidor, mais cauteloso", diz Emílio Alfieri, economista da ACSP.
Na comparação com novembro do ano passado, as consultas ao SPC subiram 1,4%, e as ao Usecheque caíram 0,8%. "O que dá para afirmar é que as vendas estão quase no mesmo patamar das de 2007, o que, na atual situação, não é ruim."
O desempenho do comércio de São Paulo em novembro, na avaliação de Alfieri, sugere que os setores de semi-duráveis, como roupas e calçados, e não-duráveis, como alimentos, terão melhor desempenho neste final de ano. Os setores de veículos e de eletroeletrônicos deverão sofrer mais o efeito do crédito caro e escasso, segundo Alfieri, já que são mais dependentes de financiamento.
Martinho Paiva Moreira, vice-presidente da Apas, associação que reúne os supermercados paulistas, diz que o setor espera faturar neste Natal 4,2% mais do que em igual período do ano passado. "Não seremos prejudicados com a crise. Em vez de o consumidor gastar com bens duráveis, como com carros, computadores e televisores, vai comprar alimentos, mas mantendo a previsão de compras feita antes da crise."
A Lojas Cem, especializada na venda de eletrodomésticos, prevê faturar neste Natal o mesmo do que no ano passado.
Valdemir Colleone, diretor da rede, com 171 lojas, diz que o consumidor de maior poder aquisitivo diminuiu as compras, mas o de menor poder aquisitivo só deixará de comprar se perder o emprego.
"É até provável que, com medidas para favorecer o consumo, as vendas em 2009 não sejam tão desastrosas. Mas, com certeza, o medo de perder o emprego deixa o consumidor com receio de assumir dívidas."
A ACSP identificou o que considera "pequena alta da inadimplência" em novembro. O número de carnês em atraso em mais de 30 dias subiu 12,8% em relação a novembro do ano passado, e o número de carnês renegociados ou cancelados subiu 9,3% no mesmo período.
"Essa é uma tendência vista em todo o ano de 2008. Isto é, o número de carnês em atraso tem crescido um ou dois pontos percentuais acima do número de carnês cancelados." A inadimplência líquida ficou em 6,4% em novembro, igual à de outubro e um pouco acima da de novembro de 2007, de 5,5%.


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