São Paulo, sexta-feira, 03 de janeiro de 2003

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ÁGUIA EM TRANSE

EUA devem cortar mais impostos para impulsionar economia

Bush anunciará pacote de US$ 300 bi

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, George W. Bush, anunciará na próxima semana um pacote de estímulo econômico que pode atingir US$ 300 bilhões em novos cortes de impostos para pessoas físicas e incentivos adicionais para empresas e investidores.
O anúncio é um novo capítulo da estratégia de Bush de revitalizar a maior economia do mundo usando recursos públicos. "Na próxima semana, quando eu falar sobre um pacote de estímulo econômico, direi qual é a melhor forma de criar empregos", disse, em seu rancho em Crawford (Texas).
Há três anos, os EUA tinham desemprego de 3,9% e um superávit orçamentário de US$ 230 bilhões. Hoje, têm 8,5 milhões de desempregados (6%) e sofrem os efeitos de uma fuga inédita de capitais externos. Para combater esse problema, Bush transformou o superávit que herdou do governo anterior num déficit de US$ 157 bilhões. Com o anúncio do pacote, o presidente demonstra persistência na mesma estratégia, apesar de ter trocado seu secretário do Tesouro em dezembro.
Ontem, o presidente recusou-se a dar detalhes sobre o pacote, que deve ser anunciado por ele durante uma visita a Chicago. Estima-se que a Casa Branca vá cortar mais de 50% dos impostos que incidem sobre os dividendos ganhos por acionistas e antecipar, para 2003, cortes no imposto de renda previstos para 2004.
Em 2001, Bush sofreu críticas por ter implementado um pacote de estímulo fiscal priorizando a redução de impostos para as faixas mais altas de renda. Para evitar o mesmo problema dessa vez, não haverá redução de alíquota para os mais ricos.
"Estou preocupado com aqueles que estão desempregados. Com aqueles que procuram trabalho e não conseguem encontrar. Com todas as pessoas. Entendo a politicagem do estímulo econômico. Algumas pessoas querem transformar isso numa guerra de classes."
Só os novos cortes no imposto de renda farão com que os americanos poupem (e o governo deixe de arrecadar) US$ 50 bilhões.
Supondo que esse dinheiro seja gasto, em vez de poupado, o novo alívio fiscal poderá criar 300 mil novos empregos. O cálculo é de David Wyss, economista-chefe da agência de classificação de risco Standard & Poor's.
O novo pacote poderá trazer também uma extensão do seguro-desemprego, restrito hoje a 39 semanas. Essa extensão deverá beneficiar 750 mil americanos cujos benefícios terminaram no dia 28.
Apesar do novo pacote, Bush esforçou-se para mostrar que a economia americana continua sólida, apesar da sucessão de golpes que a fragilizam desde 2001: o estouro da bolha das Bolsas, os ataques terroristas, os escândalos corporativos e a possibilidade de novas guerras.
Consertar a economia americana é uma tarefa vital para o futuro político de Bush, que deverá concorrer à reeleição em 2004. Apesar da prioridade dada à guerra contra o terrorismo e à ofensiva contra o ditador iraquiano Saddam Hussein, assessores do presidente americano dizem que a economia será o principal tema do governo em 2003.



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