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ÁGUIA EM TRANSE
EUA devem cortar mais impostos para impulsionar economia
Bush anunciará pacote de US$ 300 bi
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O presidente dos EUA, George
W. Bush, anunciará na próxima
semana um pacote de estímulo
econômico que pode atingir US$
300 bilhões em novos cortes de
impostos para pessoas físicas e incentivos adicionais para empresas e investidores.
O anúncio é um novo capítulo
da estratégia de Bush de revitalizar a maior economia do mundo
usando recursos públicos. "Na
próxima semana, quando eu falar
sobre um pacote de estímulo econômico, direi qual é a melhor forma de criar empregos", disse, em
seu rancho em Crawford (Texas).
Há três anos, os EUA tinham
desemprego de 3,9% e um superávit orçamentário de US$ 230 bilhões. Hoje, têm 8,5 milhões de
desempregados (6%) e sofrem os
efeitos de uma fuga inédita de capitais externos. Para combater esse problema, Bush transformou o
superávit que herdou do governo
anterior num déficit de US$ 157
bilhões. Com o anúncio do pacote, o presidente demonstra persistência na mesma estratégia, apesar de ter trocado seu secretário
do Tesouro em dezembro.
Ontem, o presidente recusou-se
a dar detalhes sobre o pacote, que
deve ser anunciado por ele durante uma visita a Chicago. Estima-se
que a Casa Branca vá cortar mais
de 50% dos impostos que incidem
sobre os dividendos ganhos por
acionistas e antecipar, para 2003,
cortes no imposto de renda previstos para 2004.
Em 2001, Bush sofreu críticas
por ter implementado um pacote
de estímulo fiscal priorizando a
redução de impostos para as faixas mais altas de renda. Para evitar o mesmo problema dessa vez,
não haverá redução de alíquota
para os mais ricos.
"Estou preocupado com aqueles que estão desempregados.
Com aqueles que procuram trabalho e não conseguem encontrar. Com todas as pessoas. Entendo a politicagem do estímulo
econômico. Algumas pessoas
querem transformar isso numa
guerra de classes."
Só os novos cortes no imposto
de renda farão com que os americanos poupem (e o governo deixe
de arrecadar) US$ 50 bilhões.
Supondo que esse dinheiro seja
gasto, em vez de poupado, o novo
alívio fiscal poderá criar 300 mil
novos empregos. O cálculo é de
David Wyss, economista-chefe da
agência de classificação de risco
Standard & Poor's.
O novo pacote poderá trazer
também uma extensão do seguro-desemprego, restrito hoje a 39 semanas. Essa extensão deverá beneficiar 750 mil americanos cujos
benefícios terminaram no dia 28.
Apesar do novo pacote, Bush
esforçou-se para mostrar que a
economia americana continua
sólida, apesar da sucessão de golpes que a fragilizam desde 2001: o
estouro da bolha das Bolsas, os
ataques terroristas, os escândalos
corporativos e a possibilidade de
novas guerras.
Consertar a economia americana é uma tarefa vital para o futuro
político de Bush, que deverá concorrer à reeleição em 2004. Apesar
da prioridade dada à guerra contra o terrorismo e à ofensiva contra o ditador iraquiano Saddam
Hussein, assessores do presidente
americano dizem que a economia
será o principal tema do governo
em 2003.
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