São Paulo, quinta-feira, 03 de janeiro de 2008

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Mercados iniciam ano com cautela

Bovespa recua 1,68% no 1º dia útil do ano e dólar cai 0,34%, para R$ 1,771

Alta do petróleo e atividade industrial fraca nos EUA elevam o pessimismo nos mercados globais; dólar cedeu no Brasil e no exterior

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os mercados globais iniciaram os negócios em 2008 com cautela em relação ao futuro da economia dos EUA e à escalada no preço do petróleo, que atingiu ontem US$ 100 o barril. No primeiro dia útil do ano, a Bovespa teve perdas de 1,68%, voltando a 62.815 pontos.
O mau humor foi ditado pelas Bolsas internacionais, que recuaram com o pessimismo no setor industrial americano. O índice de atividade da indústria do ISM (Instituto de Gestão de Oferta, na sigla em inglês) apontou forte contração em dezembro, ficando em 47,7 pontos -abaixo de 50, indica retração. Em novembro, o mesmo indicador estava em 50,8. O dado encerrou uma seqüência de dez meses de indicador positivo na indústria americana. A Bolsa de Nova York teve baixa de 1,67% no índice Dow Jones e de 1,44% no S&P 500.
No final da tarde, a ata da reunião de dezembro do Fed (Federal Reserve) sugeriu novos cortes no juros americanos, que recuaram para 4,25%. Um corte de mais 0,25 deve levar a taxa a 4%, a mesma da zona euro, diminuindo a vantagem do dólar. A notícia derrubou o dólar, que teve desvalorização de 2% em relação ao iene japonês. Já o euro subiu 0,9%. O retorno dos títulos de dez anos do Tesouro dos Estados Unidos recuou de 4,03% para 3,901%.
Para André Segadilha, do Banco Prosper, a baixa ontem segue um movimento de desmonte de negócios fechados no último dia do ano passado para elevar a valorização de carteiras e fundos em 2007. "Agora, é o momento para corrigir. É um movimento normal de realização de lucros [venda de ações]. Mas as perspectivas seguem positivas em médio prazo."
No final da tarde, os negócios pioraram no Brasil com a expectativa de anúncio do pacote para cobrir as perdas com a CPMF. O pacote, no entanto, ficou dentro da expectativa do mercado, que temia um corte menor no orçamento aliado a um aumento de impostos. "Não fugiu do esperado. Poderia cortar mais na carne, mas é difícil em ano eleitoral", disse Alex Agostini, da Austin Ratings.
"[O pacote] Piorou o humor do mercado, mas ainda pesou mais o mercado externo. A CPMF gera apreensão, sim", disse Kelly Trentin, da SLW.
No mercado de câmbio, o dólar comercial terminou o dia negociado a R$ 1,77, com baixa de 0,33%. Mesmo com volume baixo de negócios, o Banco Central comprou moeda a R$ 1,7661. Para Adilson Góes, da corretora Levycam, dois eventos definirão os rumos do câmbio em 2008: o primeiro será o reajuste das commodities, especialmente do minério de ferro, e o segundo, o ritmo de entrada de dinheiro no Brasil, dependendo da crise nos EUA. "Muita gente ainda não voltou [a trabalhar]. Para valer mesmo, o ano começa na semana que vem. O dólar não tem mais espaço para cair tanto", disse.


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