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Mercados iniciam ano com cautela
Bovespa recua 1,68% no 1º dia útil do ano e dólar cai 0,34%, para R$ 1,771
Alta do petróleo e atividade industrial fraca nos EUA elevam o pessimismo nos mercados globais; dólar cedeu no Brasil e no exterior
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os mercados globais iniciaram os negócios em 2008 com
cautela em relação ao futuro da
economia dos EUA e à escalada
no preço do petróleo, que atingiu ontem US$ 100 o barril. No
primeiro dia útil do ano, a Bovespa teve perdas de 1,68%, voltando a 62.815 pontos.
O mau humor foi ditado pelas Bolsas internacionais, que
recuaram com o pessimismo
no setor industrial americano.
O índice de atividade da indústria do ISM (Instituto de Gestão de Oferta, na sigla em inglês) apontou forte contração
em dezembro, ficando em 47,7
pontos -abaixo de 50, indica
retração. Em novembro, o mesmo indicador estava em 50,8. O
dado encerrou uma seqüência
de dez meses de indicador positivo na indústria americana. A
Bolsa de Nova York teve baixa
de 1,67% no índice Dow Jones e
de 1,44% no S&P 500.
No final da tarde, a ata da
reunião de dezembro do Fed
(Federal Reserve) sugeriu novos cortes no juros americanos,
que recuaram para 4,25%. Um
corte de mais 0,25 deve levar a
taxa a 4%, a mesma da zona euro, diminuindo a vantagem do
dólar. A notícia derrubou o dólar, que teve desvalorização de
2% em relação ao iene japonês.
Já o euro subiu 0,9%. O retorno
dos títulos de dez anos do Tesouro dos Estados Unidos recuou de 4,03% para 3,901%.
Para André Segadilha, do
Banco Prosper, a baixa ontem
segue um movimento de desmonte de negócios fechados no
último dia do ano passado para
elevar a valorização de carteiras e fundos em 2007. "Agora, é
o momento para corrigir. É um
movimento normal de realização de lucros [venda de ações].
Mas as perspectivas seguem
positivas em médio prazo."
No final da tarde, os negócios
pioraram no Brasil com a expectativa de anúncio do pacote
para cobrir as perdas com a
CPMF. O pacote, no entanto, ficou dentro da expectativa do
mercado, que temia um corte
menor no orçamento aliado a
um aumento de impostos. "Não
fugiu do esperado. Poderia cortar mais na carne, mas é difícil
em ano eleitoral", disse Alex
Agostini, da Austin Ratings.
"[O pacote] Piorou o humor
do mercado, mas ainda pesou
mais o mercado externo. A
CPMF gera apreensão, sim",
disse Kelly Trentin, da SLW.
No mercado de câmbio, o dólar comercial terminou o dia
negociado a R$ 1,77, com baixa
de 0,33%. Mesmo com volume
baixo de negócios, o Banco
Central comprou moeda a R$
1,7661. Para Adilson Góes, da
corretora Levycam, dois eventos definirão os rumos do câmbio em 2008: o primeiro será o
reajuste das commodities, especialmente do minério de ferro, e o segundo, o ritmo de entrada de dinheiro no Brasil, dependendo da crise nos EUA.
"Muita gente ainda não voltou
[a trabalhar]. Para valer mesmo, o ano começa na semana
que vem. O dólar não tem mais
espaço para cair tanto", disse.
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